AVISO IMPORTANTE:

* Nossa casa fica em Porto Alegre (RS), Av. 21 de Abril, 1385, Vila Elizabeth, Bairro Sarandi. * Dia 4/3/23 não haverá Gira (trabalho externo) * Dia 11/3/23 voltamos ao horário normal das Giras de Pretos Velhos, aos sábados, 15h

domingo, 29 de julho de 2012

Relacionamentos - Problema ou Solução? - por Cândida Camini

Quem já leu aqui no Blog a nossa história, sabe que antes de chegarmos até aqui, com 47 médiuns ativos na corrente e cerca de 80 pessoas atendidas por Sessão pública, nós atendíamos na sala de nosso apartamento e o máximo que era necessário administrar era a agenda semanal do Pai Joaquim.
Na época, ouvi da Preta Velha Maria Redonda, companheira do Pai Joaquim na espiritualidade, que uma das minhas principais atribuições na nova casa, seria a de administrar conflitos.
Bem, ela não me disse na época, talvez para não aumentar minha ansiedade, que muitas vezes eu seria a causadora destes conflitos.
Pela minha mania de perfeição e organização, pela minha dificuldade em me relacionar com o outro, pela minha intransigência com as limitações alheias, enfim....
Acho que se ela tivesse me falado tudo isso antes, talvez eu não estivesse aqui hoje. Obrigada, Dona Redonda, por ter omitido esta parte.
Então, a dificuldade de relacionamento entre tantas pessoas diferentes, com suas manias, seus egos inflados, suas idéias próprias, seus temperamentos irascíveis, muitas vezes (aonde eu me incluo, claro), seria um problema, ou uma solução?
Confesso que de início achei que era um problema, na verdade um grande problema.
Aos poucos fui percebendo que, para aqueles que estão dispostos a exercitar a humildade e a mudar em prol do bem comum, é uma solução.
Afinal, quem não se relaciona com os diferentes, não aprende nada. Não aprende sobre o outro e muito menos sobre si próprio.
Dói quando percebemos no outro um espelho, onde começamos a identificar nossas imperfeições.
Dói, quando começamos a descobrir em nós mesmos, tudo o que criticamos no nosso irmão.
É um processo lento e gradual e só consegue quem se expõe, quem não tem vergonha de reconhecer o erro e de pedir perdão.
Mas o que mais dói, ainda, é quando todo o esforço feito não é percebido e/ou compreendido.
Quando as críticas são veladas e não construtivas.
Mais uma dificuldade, outro aprendizado. Vencer o orgulho, praticar o desapego, porque alguns irão embora e outros virão.


A Umbanda é assim, não tem um código único. Acolhe a todos igualmente e, como o sol, não escolhe prá quem irá brilhar.
Aceita qualquer prática que tenha por fim a caridade pura e desinteressada.
Não é uma religião purista.
" Não escolhe os preparados; prepara os escolhidos. "
Talvez por isso muitos jovens hoje se encontram trabalhando nos Terreiros de Umbanda.
Porque a Umbanda não secciona, ou não deveria, pelo menos.
Então, temos ingressando na corrente mediúnica da casa, inúmeros jovens que chegam maravilhados com os fenômenos mediúnicos, ansiosos por também fazerem parte desta magia.
Aliado a isso, vem o estudo, o aprendizado, o preparo.
Teoria e prática andam juntas. 
Passado este momento de êxtase, alguns se vão, pois não estão dispostos ao aprendizado, ao compromisso.
Vêm talvez em busca de auxílio para seus próprios problemas, mas não estão interessados nos problemas daqueles que aqui vem para tomar um passe ou um aconselhamento.
O que gratifica, é que muitos se esforçam na reforma íntima e a cada trabalho vão vencendo seus limites.
É comum que aquele mais velho, mais experiente, tenha dificuldade em aceitar o jovem com sua impulsividade, sua urgência em conhecer e receber seus protetores, sua pressa em encher o pescoço de guias. 
É preciso paciência e orientação. Aos poucos, vão percebendo como as coisas funcionam e se ajustando.
Quem não se ajusta, se afasta, naturalmente.
Não é preciso o constrangimento de ter que afastar alguém da Casa. 
A direção espiritual se encarrega disto.
Enquanto aquele irmão mais rebelde, menos disciplinado, fizer parte do grupo, alguém vai aprender alguma coisa com ele.
Conviver é sinônimo de sabedoria e um exercício de amor ao próximo e a si mesmo.
Aprendi tudo isto com Pai Joaquim de Cambinda, meu Mestre, que eu amo e respeito, mais que tudo. 
Quanta paciência comigo, meu Velho! 
O mais difícil está sendo conciliar a disciplina com a caridade, mas tenho me esforçado e acho que estou conseguindo um pouquinho.


Tem uma frase, desconheço o autor, que me guia neste sentido:


Usar a disciplina e a caridade com o cuidado para que a disciplina não atropele a caridade nem a caridade amoleça a disciplina. "


Nisto, conto com o auxílio de alguns protetores, a quem amo e só tenho a agradecer, também:
Minha Mãe Iansã
Minha adorada Preta Nina
Minha determinada Cabocla Jurema
E Pai Benedito, encarregado de toda a administração dos trabalhos nesta Casa.
Salve a Umbanda e todos os seus guias!
Salve Pai Joaquim de Cambinda!



5 comentários:

  1. É amiga! e assim na ginga do trato dos gestos e das palavras, todos saem ganhando. Todos que observam, questionam, que param para refletir e se se deixam moldar pelos ensinamentos que nos chegam nas tão diversas formas. Os sentimentos as vezes são inversos aos pensamentos, talvez isso seja a nossa venda nos olhos. Aprendi a te entender, te aceitar, te criticar, te xingar, te questionar e também a te respeitar. Hoje, nos balanços que faço, agradeço por não ter desistido de conviver com a tua pessoa, te termos muitas vezes aos trancos e barrancos, nos permitido em tentar e tentar e tentar... Valeu a pena, chegamos aonde chegamos e bem provável que chegaremos muito mais além. Um abração candidi.
    Rosemarie

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  2. Mto legal esse texto Can!
    Parabéns pelo aprendizado. Posso afirmar que ja pensei em sair da casa por que algumas vezes fiquei chateada como a forma em que vc me tratou, ou tratou alguém próximo. Mas rezei e pedi muita luz pra vc e as coisas melhoraram na medida em que fomos nos conhecendo, certamente!
    Parabéns pelo seu trabalho e dedicação!

    Grande beijo! Grazi

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  3. É muito dificil o relacionamento de muitas pessoas juntas!com o passar do tempo o grupo passa a ser mais proximo,aí começa a intriga e falatorios1Normalmente é porque acabam sabendo muito mais do que se deve da vida uns dos outros!As vezes acontece ate inimizade.Mas todo o lugar é assim ,ninguém é obrigado a gostar de ninguém,apenas o que tem que existir é a educação e o respeito !
    Paula

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  4. Bom dia, Candida,

    Gostei muito do que li, me pareceu que tem muito da Candida, em sua sinceridade, e vi tambem muita intuiçào dos teus Protetores, para nos passar este belo testemunho e mensagem.

    Obrigado pelas palavras e tenhas uma otima semana!! Mário Barcellos

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