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* Nossa casa fica em Porto Alegre (RS), Av. 21 de Abril, 1385, Vila Elizabeth, Bairro Sarandi. * Dia 4/3/23 não haverá Gira (trabalho externo) * Dia 11/3/23 voltamos ao horário normal das Giras de Pretos Velhos, aos sábados, 15h

terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Maria Benvinda, ou Mariazinha, ou Marsh



Por Cândida Camini

" Nasceu uma menina pequena, de saúde frágil.
Filha única do Sinhô e da Sinhá, donos de uma fazenda de café, na Bahia.
O médico dizia que tinha o coração fraco, que inspirava cuidados.
Tinha febres intermitentes, com muita frequência.
Para fortalecer a Sinhazinha, foi chamada uma Negra robusta, de seios fartos, que tinha acabado de parir, para ser sua ama de leite.
A Sinhá fazia de um tudo por aquela menina, que recebera o nome de Maria Benvinda.
Quando tinha cerca de dois anos, sempre que o Sinhô não estava em casa, ela permitia que a Bá levassea menina para brincar com os filhos dos escravos, no terreiro em frente à Senzala.
E como ela ficava feliz! Voltava para casa com as faces coradas e um sorriso de orelha a orelha, que deixava a Sinhá esperançosa quanto à saúde da pequena.
Mas logo a febre voltava, e ela se abatia.

No aniversário de 3 anos, embora fosse convidados os fazendeiros da região que vieram com seus filhos pequenos, Benvinda queria a presença de seus amigos negros.
Mas seu pai não permitiu. Afinal, o que seus amigos iriam pensar?
Ela não compreendia porquê seus amigos não podiam estar com ela neste dia.
E logo a tristeza chegou, a febre voltou, e Maria Benvinda se abateu.
Não queria saber de brincadeiras, nem de doces, nem de bolo.
O médico que cuidava dela e que estava presente na festa, atestou que nada podia ser feito.
A Bá então lembrou de um negro de uma fazenda vizinha, que era conhecido por seu poder de cura.
O Sinhô mandou buscá-lo às pressas e quando o Negro Joaquim chegou, pôde ver que a menina já tinha sua alma sendo desligada de seu corpinho frágil. Era chegada sua hora.
Antes que ela partisse, ainda pôde benzê-la com suas ervas e, assim que desencarnou, acolheu seu espírito em seus braços.
Maria Benvinda abriu os olhos do espírito e sorriu para o Negro Joaquim, antes de fechar os olhos novamente e ser levada pela equipe espiritual que assitia ao seu desencarne.
Mais tarde, quando o Negro Joaquim também desencarnou, encontraram-se no Astral e hoje Maria Benvinda trabalha no Terreiro de Pai Joaquim de Cambinda ( o mesmo Negro Joaquim que a acolheu no dia do seu desencarne ), na falange de Cosme e Damião, com o nome de Mariazinha.
Mas todos a conhecem por Marsh (de marschmallow), já que a primeira vez que chegou no Terreiro, deslumbrou-se com este doce e, como ainda não sabiam seu nome, a chamaram de Marsh. "

Só tenho a agradecer por tudo que tenho recebido desta criança linda que é a Mariazinha Marshmallow, com nome e sobrenome, como ela mesma diz rsrsrs

Salve a Falange de Cosme e Damião!
Saravá, Umbanda!


sábado, 26 de janeiro de 2019

Quando o coração fala [12]

Esta série de artigos que nomeei 'Quando o coração fala' é um espaço aberto a todos que quiserem compartilhar suas experiências, emoções, encontros, enfim, abrir o coração no que se refere a nossa Casa Pai Joaquim de Cambinda.
E quem abre seu coração agora é a Grazi, médium do Terreiro desde 2014. 

" Eu sou médium.
É, eu tenho o dom de ver, ouvir e me comunicar com o espiritual.
É, eu incorporo, bato cabeça, me desdobro.
É, eu uso branco, uso guias no pescoço, peço Agô.
É, eu trabalho com Preto Velho, com Caboclo, Com Cigano, com Oriental, com Cosme...ah, sim, com Exu e Pomba Gira também e não, eles não são demônios.
É, eu pratico a caridade, o amor ao próximo, o amor a mim mesma.
É, eu sou uma médium de Umbanda...
Mas eu ainda sou humana e sofro e amo e choro e sorrio e sinto...e como sinto...
Aprendi e confesso, ainda estou aprendendo que tudo acontece na hora certa (na hora de Deus).
Sou médium...mas sei que isso não me torna melhor que ninguém, apenas mais humana.
Sim, tenho problemas, dores, mágoas, mas estou aprendendo a deixar essas dores, esses medos, passarem com o tempo.
Não entro no Terreiro pensando em uma troca, do tipo "eu tô aqui, então vocês tem que me curar", ah, não.
Sei que tudo que passei e passo tem um porquê e que tenho que passar.
E que com o meu devido merecimento irei receber o que preciso receber.
O que eu preciso, não o que eu quero.
Sim, sou médium. Não faço trabalho, despacho, oferenda (respeito quem faz), mas acredito que a minha melhor oferenda aos meus protetores é a minha fé, a minha dedicação e o meu amor.
Eu amo o que eu faço, amo meu Terreiro e amo quem me guia.
É gratidão que fala?
Então isso tenho de sobra, pela Umbanda ter me acolhido com todo amor possível. 
Por ser meu pilar quando as coisas parecem impossíveis, quando acho que não tenho saída.
É sim, sou médium, mas nem por isso sou perfeita, nem melhor.
Sou humana, sou falha, aprendendo a fazer diferente, evoluindo e me reconstruindo.

Saravá, Umbanda! "



Graziane -Médium da Casa Pai Joaquim de Cambinda