por Márcia Diaz Souza
Nosso dia a dia às vezes nos absorve de tal
forma, que esquecemos até de parar prá respirar.
No meio desta correria, ouço uma voz
feminina que me informa: - Temos uma reunião.
Logo penso: não posso, não tenho tempo, como parar agora?
Mas nossos protetores tem seus meios de
convencer seus filhos que a hora é agora.
Uma pequena pausa e pronto, lá estou eu
viajando nas asas da magia.
Era como se eu saísse de um jarro de água e
estivesse entrando nas profundezas de um rio.
Logo um ser meio peixe meio homem me recebia.
Tudo era muito turvo e pouca luz entrava.
Chegamos até a entrada de uma casa tipo
aquelas construções gregas cheias de aguapés na volta.
Na porta, alguns soldados e soldadas de branco
e dourado me esperavam.
Nas suas cabeças tinham uns capacetes com desenho
de peixes.
A água se movia juntamente com barro,
pequenos peixes nadavam e também algumas tartarugas.
Fui levada até uma sala com uma mesa de
pedra e no final da sala uma porta de onde uma luz muito forte saía.
De lá veio ela, linda, toda de dourado.
A roupa flutuava na água, seu rosto negro estava
parcialmente encoberto por um véu de areia. Seus cabelos eram negros e longos.
Ela veio até mim. Suas mãos tocaram meu
rosto com uma suavidade e um carinho que nunca senti. Perto dela nadavam duas
cobras d’água.
Suas primeiras palavras foram :
- Não tenha
medo delas.
Então ela olhou para mim e disse.:
- Tudo isso é tua essência. Desde os
primórdios da tua criação fostes feita disso tudo. Pela eternidade estarei
junto a ti, minha filha. Estou sempre protegendo a tua coroa. Tu vês que, mesmo
aqui no fundo, pode haver luz? Pois é, chegou a hora de deixar a tua luz
interior e a tua real essência emergir. As armaduras que nesta encarnação abraçastes,
não te obrigam a matar a tua essência.
Então ela selou um beijo sobre minha cabeça
e se foi em direção àquela luz. Um dos soldados me pegou suavemente pela mão e saímos
nadando.
Quando dei por mim estava na superfície de um dos rios mais lindos que
já vi. Queria congelar aquela paisagem. Era no meio de uma mata com árvores
gigantes e muito cipó.
Uma tela gigante se abriu e ficou passando muitas cenas
do meu dia a dia, quando ajo com
rispidez e na minha cabeça vinha a voz dela dizendo que não preciso matar minha
essência.
Então uma pequena jangada chegou com um índio velho. Sentei e ela foi
deslizando sozinha até uma clareira e, quando
desci , fui despertada bruscamente pela minha vida na matéria e confesso que
queria fechar os olhos e seguir naquela viagem.
Mas ficou a mensagem.
Ora yê yê!
Salve Rica Mãe Oxum!
Márcia faz parte já da Família PJ (Pai Joaquim), como é carinhosamente chamado por todos o nosso amado dirigente espiritual.
Atualmente, pertence ao grupo de estudos e desenvolvimento mediúnico do Terreiro.