AVISO IMPORTANTE:

* Nossa casa fica em Porto Alegre (RS), Av. 21 de Abril, 1385, Vila Elizabeth, Bairro Sarandi. * Dia 4/3/23 não haverá Gira (trabalho externo) * Dia 11/3/23 voltamos ao horário normal das Giras de Pretos Velhos, aos sábados, 15h

sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

QUE ORIXÁ REGERÁ E O QUE ESPERAR PARA 2018?


Então, muitos ainda querem ter esta referência. Um destes é a idealizadora deste Blog, a jornalista e médium desta Casa, Soninha Correa.
Lembrei a ela o que penso sobre isto e que publiquei aqui mesmo, neste Blog, em dezembro de 2016 (http://casapaijoaquimdecambinda.blogspot.com.br/2015/12/quem-vai-reger-o-ano-de-2016-quem.html). 
Deixei-a à vontade para pesquisar e escrever um texto dentro daquilo com que mais tivesse afinidade. 
Para aqueles, que assim como ela, tem esta curiosidade, aí está:


QUE ORIXÁ REGERÁ E O QUE ESPERAR PARA 2018?
Por Soninha Correa

Fiz algumas pesquisas sobre os regentes, os maestros espirituais que conduzirão o ano de 2018. Cada terreiro tem sua ritualística para afiançar a regência do ano. Há aqueles que definem que o Orixá regente é aquele cujo dia da semana começa o ano. Há os que dizem que será aquele que tem a sua equivalência no planeta que vai imperar no ano.

Independentemente da baliza adotada, vou ficando com a maioria que, aparentemente, juntou as duas hipóteses e afirma, portanto, que 2018 terá XANGÔ, IANSÃ e EXU no comando. O que isso significa?


XANGÔ

Xangô é o Orixá da justiça e do fogo. A representação de sua força está nos trovões. Viril, intenso e justiceiro, Xangô é aquele que retoma os débitos do espiritual e impõe a probidade. Por isso, a frase “Quem deve, paga! Quem merece, recebe!”, traduz a feição de Xangô.


IANSÃ

Iansã é Orixá do movimento, dos raios e da ventania. É representada pelas tempestades que extasiam e produzem mudanças por onde passam. Iansã participa das lutas nos campos de batalha e é conhecida como a Orixá do arrebatamento. Iansã é a senhora dos ventos e ela pode ser uma brisa e no momento seguinte ser um vendaval. Por tudo isso, é que se diz sobre Iansã que o vento produzido pelo abanar das asas de uma borboleta pode ganhar a força de um furacão.

EXU

Exu é o mensageiro da luz aqui na terra. Através dele, a luz  pode manifestar-se nas trevas. Exu é como o policial que age para estabelecer o cumprimento da Lei e consegue se infiltrar facilmente nas organizações das trevas. Ajuda aqueles que querem retornar à luz, mas não auxilia aqueles que querem ruir nas trevas. Há muito preconceito em torno de Exu, provavelmente, porque ele é implacável, direto e reto. “Se não aguenta ouvir verdades, não venha com mentiras!”, é uma frase que poderia defini-lo.

DO CAOS AO NIRVANA

Diante disso, pode-se concluir que 2018 será um ano regido por forças cuja marca é a radicalidade. Será um ano de contenda para que a justiça se constitua. Será um ano de profundas mudanças. E também será um ano em que a luz poderá vencer as trevas.

Mas, lembre-se: para que isso aconteça teremos violentas tempestades, trovões, raios, vendavais e enfrentamento de verdades sem misericórdia, nem clemência.






Soninha Corrêa, jornalista e médium da Casa Pai Joaquim de Cambinda

domingo, 17 de dezembro de 2017

Fia, nós trabalha com o amô

A Débora é médium da Casa desde março de 2016 e fez parte do Grupo 7 de 
Estudos e Desenvolvimento Mediúnico. Tem um amor infinito pela Umbanda e uma das formas de expressá-lo é escrevendo.
Na última Festa de Pretos Velhos, em maio deste ano, mais uma vez ela nos brindou com um texto cheio de amor.

" Aquele cheiro de terra, o aroma do café se misturava com os das ervas e dos cachimbos.
A terreira se enchia de amor, aquele amor de colo de pais e de avôs. 

Aquele que nos conforta, e ensina...
Os batizados começaram lindos e únicos como sempre.
Ao fechar os olhos, senti o quanto grandiosa era aquela festa e o quanto recompensados estávamos sendo.

Eram distribuídos focos de luz para cada consulente.
Como na maioria das vezes, adentrei em uma mata fechada, mas dessa vez senti que era diferente. 

Caminhamos por alguns metros até chegarmos em uma enorme clareira.
Brilhava um esplendoroso sol. 
Avistei ao longe uma casinha simples, de barro e palha. Algumas crianças se divertiam correndo ao redor dela. Quando mais próximo cheguei, avistei um casal sentado em frente a casinha. Ele com um chapéu de longas abas, pitava seu palheiro e descascava aipins; ela ao seu lado com um sorriso contagiante, tecia um cesto de palha com uma habilidade que impressionava, o que me fez de imediato pensar que aquele lindo chapéu só podia ser uma de suas obras.
Fui totalmente envolvida por aquela energia de amor e gratidão, que não tem ouro no mundo que pague. 
Então voltei, com olhos vertendo lágrimas, os abri e tive a certeza mais uma vez de estar no lugar certo e com o entendimento, que por menor que seja, 
sempre fará a diferença e valerá a pena, se for para o bem, se for para o próximo, se for de coração. 



Como a nêga fala, "fia nós trabalha com o amô, é só o que precisa.”

Agô, salve !


Salve a nossa amada Umbanda ! "



segunda-feira, 22 de maio de 2017

Gratidão, Umbanda!

por Cândida Camini

" A Umbanda tem fundamento, é preciso preparar "
Desde que Pai Joaquim mencionou a primeira vez que iríamos montar um grupo de estudos, isto lá pelo ano de 2007, nunca mais deixamos de nos reunir com todos aqueles que têm interesse em conhecer mais sobre a Umbanda e sobre mediunidade.
Não temos a pretensão de formar ninguém neste assunto, até por que o aprendizado é constante e mais se aprende pisando o chão do Terreiro na prática da caridade do que em cursos cheios de teoria e pouquíssima prática.
O objetivo é , principalmente, passar conhecimento, aprender com quem sabe mais, ensinar quem menos sabe, como bem disse o Caboclo das 7 Encruzilhadas quando instituiu a Umbanda no Brasil, em 1908.
Não há compromisso algum dos participantes com nosso Terreiro, ou com a Umbanda.
Nada é cobrado.
Esta semana que passou encerramos mais um ciclo de estudos, ocasião em que alguns fizeram questão de se manifestar sobre como foi para eles este período.
Transcrevo a seguir algumas frases que permearam nossa última reunião:

" A Umbanda me deu chão. "

" Eu tinha muito preconceito. Jamais imaginei que a Umbanda fosse assim. Quanto mais aprendo, mais quero saber. "

" No início foi difícil, porque estar aqui exigiu um olhar para dentro de mim mesma. "

" Foi demais, sem palavras para descrever."

" A Umbanda mudou meus pensamentos e atitudes no dia a dia. "

" Aqui, eu reencontrei a minha família. "

Gratidão, Umbanda!
Ao mesmo tempo em que nos invade a agradável sensação do dever cumprido, percebemos cada vez mais o tamanho da nossa responsabilidade.
Não há espaço para graves enganos.
A Fé em quem nos guia precisa ser reafirmada todos os dias.
A coragem para seguir em frente não pode se abalar.
E a gratidão é imensa, por tudo e por todos, principalmente por este Nêgo amado, que não cansamos de agradecer, Pai Joaquim de Cambinda!

Saravá, Umbanda!

Ao grupo de estudos e desenvolvimento mediúnico da CPJC

por Débora Martins

ACABOU !!! Acabou de começar, isso sim !
Só se encerrou uma minúscula etapa, do grandioso encontro de nós mesmos.
Porque o aprendizado, esse jamais terá fim, pois é uma fonte inesgotável.
Quanta mudança em nós mesmos, quantas certezas e incertezas, distanciamentos e aproximações, quanto choro, quanta gratidão, quantas sensações jamais sentidas. 
É a Umbanda colorindo, e deixando a vivência terrena mais leve, nos mostra que a vida não é aonde se chega, e sim como se trilha, pois então o que se levará da vida, é a vida que se leva. 
Tenhamos sabedoria em nossas escolhas, com base naquilo que foi nos ensinado, por espíritos tão iluminados como o Pai Joaquim. 
E aqueles que “escolheram” trilhar os caminhos dentro dela, vamos juntos, nos reformando, iluminando com a caridade, o amor ao próximo, levando ao mundo inteiro a bandeira de Oxalá, e tenhamos sempre a humildade, que podemos saber mais que alguns, mas sempre terão alguns que saberão, mais que nós...
O universo é recíproco, emane o que você quer de volta !
Que iluminado seja o caminho, de todos vocês !




Débora Martins é médium da Casa desde 
março de 2016 e fez parte do Grupo 7 de 
Estudos e Desenvolvimento Mediúnico

MENSAGEM DA MARIA REDONDA NO ENCERRAMENTO DO GRUPO 8 DE ESTUDOS E DESENVOLVIMENTO MEDIÚNICO

por Cândida Camini

A Nêga se emocionou sim. 
Esta neguinha também (referindo-se a mim, Cândida), que como disse o moço ali (o Vini), que é duro de chorar, mas não tem como não se emocionar com tamanha entrega destas moças, destes moços, tão jovens, iniciando uma vida, uma estrada longa pela frente. 
Tamanha entrega, tamanho amor, não só pela Umbanda, mas por todos aqueles irmãos, encarnados e desencarnados, que vem até à Umbanda, necessitados de auxílio. Assim como eles mesmos foram auxiliados quando aqui vieram nas primeiras vezes. 
Façam o que vocês costumam chamar de ‘corrente do bem’, fazer ao outro aquilo que fizeram por vocês, entregar ao outro, aquilo que vocês receberam. Então, quando alguém agradece alguma coisa que nós fizemos prá ajudar, a nossa resposta é sempre a mesma: ‘seja feliz, e passe adiante esta felicidade, ensine ao seu irmão o que você já passou, aquilo que você aprendeu, aquilo que fizeram por você’. 
Sim, a Nêga ficou emocionada, porque o tamanho deste amor e desta entrega é muito maior do que qualquer um possa imaginar. Nós temos a exata dimensão, nós conseguimos ter a exata dimensão disso em nível energético, que nos mostra isso, o tamanho, o real tamanho desta entrega e deste amor. Que nem vocês, que estão se entregando, que estão dando este amor, conseguem ter noção do tamanho disto. 

Mas como foi falado no início, junto vem a responsabilidade, e o cuidado. O que fazer a partir de agora com isso que vocês estão recebendo, com este aval da espiritualidade que estão recebendo? Como lidar com isso? 
Como todos sabem, no início é tudo lindo, maravilhoso, tudo é festa, não é verdade? Aos poucos começam as dificuldades, aos poucos começam as insatisfações, aos poucos é um irmão de corrente que você acha que não está fazendo as coisas como você acha de deveria, que não está tratando você como você gostaria que fosse, é alguma coisa que lhe desagrada aqui, que lhe desagrada ali. 

É um desafio muito grande, meus filhos, um desafio muito grande. O que a espiritualidade espera de todos vocês é que vocês consigam superar estes desafios. Lembrando sempre deste dia, o dia que vocês firmaram na Umbanda esta entrega e este amor, que é o dia de hoje. Pela primeira vez em oito anos nesta casa nós temos um encerramento de reunião como este. Nunca tivemos, não é verdade Joaquim, nunca tivemos. Com esta carga de emoção, de entrega, de amor, de alegria e de festa, por que não? Porque vai ter festa, né mesmo? Pode ser que alguns até tenham o privilégio de ver. 
Nós temos sim muito trabalho no mundo espiritual prá fazer. Mas nós sempre reservamos um momento para dividir com vocês estes momentos de alegria, de descontração e de festa, prá celebrar um dia que é muito especial prá vocês. 

A Nêga tá feliz, tá emocionada, com tudo isto que tá acontecendo, por isso que a Nêga fez questão de estar aqui, prá dar um abraço em cada um de vocês. Tem tempo prá dar um abraço em cada um, nêgo Joaquim?
(Após abraçar cada um, a Nêga finaliza sua mensagem)
A cada abraço, muita energia de amor foi captada e reservada para o trabalho que esta Nêga tem a fazer logo mais com as crianças no mundo espiritual.
Então, mais uma vez, a doação de vocês, o sentimento de vocês, a entrega de vocês, vão ser muito bem utilizados , naquilo a que a Umbanda se propões, naquilo a que esta Casa se propõe, naquilo a que vocês se propõe, em auxiliar aqueles......hummm....aqueles.... (e a emoção não deixou que a Nêga continuasse).


sexta-feira, 24 de março de 2017

Pelo amor ou pela dor




Por Cândida Camini

Quem já não ouviu esta frase, indicando o motivo pelo qual uma pessoa procura a religião?
Poucos são aqueles que buscam um templo, uma igreja, um terreiro, movidos pela fé.
A grande maioria, procura na religião a solução de seus problemas.
E quando  este que você considera um problema faz parte do seu aprendizado, daquilo a que você se propôs passar para evoluir?
Você se afasta, busca outro Terreiro mais ‘forte’?
Ou você procura entender melhor como isto acontece?
Entenda, de uma vez por todas, que Umbanda não faz milagres!
A Lei é soberana: “Quem deve, paga. Quem merece, recebe.”

sábado, 11 de março de 2017

Odoyá!



Ritual de Mar CPJC 2015

Por Cândida Camini

De repente, um sono incontrolável.

Uma sensação de alheamento, como que flutuando.

Deitei e, assim que fechei os olhos, me senti na praia.

As ondas, ao chegar à beira da praia, erguiam-se muito altas e avançavam sobre a areia, vindo desaguar quase no calçadão.

Depois, recuavam, como que lavando e recolhendo toda e qualquer coisa ou energia que não devesse ali permanecer.

Esse movimento repetiu-se por diversas vezes.

Ao erguerem-se, as ondas tinham um aspecto muito límpido, quase transparente.

Ao recuar, a aparência mudava para um tom escuro e turvo.

Percebi que estavam limpando o local onde mais tarde faremos nosso Ritual.

A última onde que pude perceber, ao recuar, deixou na areia um tanto de suas águas, como um espelho, onde muitas flores brancas flutuavam.

Percebi a presença do nosso Comandante, Ogum Beira Mar, coordenando seu exército.

Pensei  logo nos Exus do Mar, mas o que ‘vi’ foi um exército de Tritões cercando o local e muitas, muitas sereias na água, próximo à praia.

Antes de ‘acordar’, vi um portal se abrindo no mar.

Não consegui enxergar mais nada, mas tive a certeza que é de lá que virão as energias que irão nos receber hoje à noite.


Odoyá, Iemanjá!

Salve Ogum Beira Mar e todo o povo do mar!

sábado, 25 de fevereiro de 2017

Ritual do Amaci 2016 - Úlima Parte



Por Luciana Maria D'Avilla

Este importante Ritual da Umbanda iniciou-se na quinta-feira, com o assentamento dos elementos para o Ritual do Amaci, que aconteceu no sábado, dois dias depois, com a lavagem da cabeça dos médiuns.
O relato do assentamento foi feito pela médium da Casa, Luciana e publicado aqui mesmo no Blog. Clique no link a seguir para ler: 

http://casapaijoaquimdecambinda.blogspot.com.br/2016/12/ritual-do-amaci-2016-1-parte.html

A seguir, transcrevo aqui o relato que a Luciana me enviou sobre o que ela pode perceber durante o Ritual no sábado. Relato este maravilhoso, emocionante. Imagino a emoção dela ao vislumbrar isto tudo. 

Luciana, mais uma vez, gratidão!

Segue o relato:

Antes do início de nosso Ritual, enquanto aguardávamos fora do salão, eu pude ver um grupo de espíritos (em torno de vinte a trinta), vestidos de branco, como nós. Esse grupo era formado por jovens, idosos, homens e mulheres (não havia crianças nesse momento). Suas etnias variavam: branco, negro, índio, oriental. Acredito que fossem nossos guias, pois já vi alguns em dias de trabalho em nosso Terreiro. 
Este grupo estava tão feliz que houve uma troca muito grande de energias, ou seja, cada médium recebia em seu coronário uma energia de luz desses espíritos, formando um lindo arco-íris e tinha  um   cordão energético que nos ligava. Talvez fosse por isso que a alegria contagiava cada médium que chegava.

Enquanto formávamos a corrente, eles formaram outra corrente à nossa volta, em prece. Quando iniciamos o cumprimento do Congá, ao som da música de abertura (Pai Oxalá), a  vibração no chão era tão intensa que  eu sentia ondas de muito calor subindo pelos meus pés, sendo que o piso se transformou num lindo tapete de grama verde. Durante a defumação, nossos amigos espirituais nos energizavam com ondas de amor e carinho, transformando nossas auras,  variando a cor  do vermelho ao azul. 
Em todo o momento a nossa defumação foi também acompanhada por uma mulher negra, vestida de branco, com saia, blusa e turbante. No pescoço ela usava um colar de sementes, nas cores preta e branca. Na defumação ela colocava ervas e flores, principalmente as de camomila.

Quando as portas do salão do Terreiro foram abertas, a formação do triângulo ainda permanecia com a rede protetora colocada pelo nosso Comandante, Ogum Beira-Mar, porém nossos alguidares não eram mais do mesmo tamanho que deixamos na quinta-feira, quando do assentamento. Ficaram bem maiores e  transparentes como cristais. As flores continuavam com o brilho de luz nas pétalas e também nas espadas. Os cristais e pedras que foram colocados em alguns alguidares brilhavam muito. Os cristais giravam como se impulsionados por motores. A cor da água era igual pra todos: azul escuro (sabe quando a gente coloca uma pedra de anil na água?). Os elementos que foram colocados nos alguidares (bonecos, cartas, punhais, etc), estavam com aparência de encerados.

No centro do triângulo haviam várias velas de todas as cores: verde, vermelha, branca, amarela, azul, lilás, preta, marrom, rosa. E uma em especial me chamou a atenção: era na forma de uma grande espiral, na cor branca, e o início da vela era muito fino, que ficava difícil entender como ficava em pé, acredito que só o plano espiritual para mantê-la em equilíbrio do chão ao alto. Todas estavam acesas e formavam um grande mosaico. A flor de lótus ainda permanecia ligada a cada alguidar.

Enquanto aguardávamos, vi uma índia anciã incorporada na Rose, que não se sentia bem e estava sentada logo na entrada do salão. A Rose, desdobrada, foi levada para uma tenda ao lado para ser energizada (havia várias tendas ao redor do Terreiro). Essa índia tinha os cabelos muito grisalhos e na sua cabeça uma grande pena branca com preto. A luz que ela irradiava era intensa, de coloração vermelha, parecendo uma nuvem de fumaça. Seu olhar era muito profundo e com alguns desenhos no rosto em formatos de flechas, lua e estrela.

Nosso tamboreiro também não chegou sozinho. Além dele, havia mais dois tamboreiros negros tocando os tambores. Cada um vestia uma túnica branca e uma calça bege. Os tambores eram vermelhos e a parte de cima era revestida com uma pele de animal. Cada um usava no pescoço uma guia nas cores branca e preta (igual à da mulher negra da defumação). Em suas testas tinha o desenho de um olho enorme.

No momento do ponto do Ogum Beira Mar, uma grande luz se formou na corrente e ele chegou novamente vestido com sua armadura espelhada e a espada da energização dos alguidares. Quando ele se aproximou do triângulo, a cortina se desfez, mas a flor de lótus permaneceu, continuando a doar energia aos alguidares. O Ogum Beira Mar da Elba também estava vestido com armadura e no pescoço um enorme crucifixo de prata. O Ogum Beira Mar do Eduardo trazia um escudo com o desenho do rosto de um leão muito bonito.

A parede do congá possuía uma luz muito intensa e as imagens desapareceram. Formou-se um corredor enorme, com pedras dos dois lados, como montanhas. Vertentes de água escorriam das pedras. A visão era de um grande portal para outra dimensão. Nesse momento, três espíritos pediram permissão ao seu Ogum Beira-Mar e cada um assumiu uma posição no triângulo, ambos com as espadas posicionadas para o alto. Eles permaneceram assim até o momento da lavagem da cabeça dos três últimos médiuns, Ricardo, Elba e Eduardo.

Nesse momento senti e vi vários índios e índias no Terreiro, ambos entoavam cânticos indígenas e energizavam o ambiente com os chocalhos.

A cada ponto entoado a vibração do médium era tão grande que alguns pareciam estar em uma grande bolha de ar e calor, o que percebi  que era comum a todos (por isso que alguns sentiam tanto calor, inclusive eu).  

Sobre cada lavagem de cabeça, falando da parte material, gostaria de enfatizar para o que mais me chamou a atenção no geral:
Guias: todas elas, independente da cor original que foram confeccionadas, transformaram-se em grandes cordões de luz. Isso ocorreu com todas.

Alguidares: quando o médium recolhia seu alguidar do chão, o fio energético não se rompia. Acompanhava o médium até a lavagem de sua cabeça. O protetor se aproximava, rompia a ligação do fio e essa mesma energia era recolocada ora na cabeça do médium, ora no pescoço ou direto no plexo cardíaco. (Muito legal )

Água dos alguidares: permaneceu na cor azul escura, tingindo a cabeça do médium. Quando voltamos a nossa formação da corrente, nossos turbantes eram azuis.

Elementos colocados nos alguidares: eles “derreteram” (foi a descrição mais apropriada que encontrei, rsrsrs) e se misturaram aos líquidos, permanecendo a parte material, o que achei bem estranho de acontecer, mas cabe ao plano espiritual as razões.

Iemanjás/Oxuns/Iaras): vi mulheres negras com os olhos muito escuros, cabelos também escuros e longos. Seus corpos pareciam transparentes, com um brilho muito intenso. De suas mãos saía uma grande luz intensa e seus corações brilhavam como cristais. Quando elas apareceram o chão do Terreiro transformou-se num grande espelho d´agua. E essa mesma água banhava seus protegidos. Elas recolhiam as flores dos alguidares com tanto amor e carinho que essas flores contornavam seus corpos de luz, deixando suas formas ainda mais lindas. As Iemanjás e as Iaras envolviam os médiuns até que eles mergulhassem no espelho d`água e desaparecessem. No chão ainda pude ver o brilho de estrelas de luz, peixes e pedras coloridas. Quando todos foram energizados, esta água foi recolhida pela parede no portal que substituiu as imagens.

Iansãs: mulheres negras muito altas, em torno de dois metros de altura. Trajavam roupagens de guerra, como soldadas romanas e africanas. Todas muito rápidas, com suas armas, chegaram pedindo permissão aos Oguns. Nesse momento eu senti como se o Terreiro estivesse balançando e estivesse solto do chão, tamanha a velocidade que elas chegaram. Um barulho forte de vento e estalos, igual a fios em curto (desculpa a minha descrição, mas era o que parecia, descargas de energia). Elas  colocavam em seus protegidos as armaduras e armas. Em uma médium eu vi claramente ela atuando e seu tamanho ficou dobrado. Uma Iansã africana usava uma espada enorme onde na ponta havia uma corrente com pequenos ganchos iguais a foices. Quando ela foi até ao final de nossa corrente, vi pequenos fios serem cortados e arrancados por essas correntes. Outra riscou no ar um símbolo em formato de um raio e dentro deste raio uma mão formou-se em um triângulo.

Juremas: vi uma índia de cabelo negro que parecia pelo de animal, muito comprido que descia até aos seios. Elas eram de estatura pequena, no corpo muitas tatuagens com elementos da natureza, desenhos de animais e no pescoço um colar de penas coloridas. Além delas, muitos índios apareceram nesse momento e do portal saiu um índio com uma enorme coruja na mão e sentou bem no meio do triângulo. Os olhos da coruja eram enormes, ela girava a cabeça para todos os lados e refletia uma luz que parecia um laser vermelho. Todo o salão ficou com esse colorido. Algumas médiuns receberam de presente arcos e outras foram tatuadas pelas índias. Elas fizeram um grande risco no chão com o desenho de uma flecha no centro, a lua e o sol em cima e abaixo o desenho um rio. Nesse momento fui transportada também para uma linda cachoeira acima do Terreiro. Assisti minha lavagem de cabeça sendo feita pela minha protetora na roupagem de uma índia amazona.

Xangôs: homens negros também de olhar forte e agressivo, como se estivessem caçando algo. Eram muito altos e tinham nas mãos lanças enormes. A respiração muito rápida como um animal. Um deles colocou duas lanças atravessadas na porta da casa dos Dirigentes do Terreiro bem como na de sua filha, talvez seja como uma proteção.

Pretos velhos:  vi a sua maioria com a descrição que já conhecemos, chapéus de palha, bengalas, palheiros e cachimbos. Pai Joaquim chegou cumprimentando Seu Beira Mar e colocou um punhado de ervas no alguidar do Ricardo. 

Outros pretos benziam os seus protegidos com rosários e ervas. Pai José tinha nas mãos um grande vaso de barro, de onde ele enchia a boca com um líquido que espargia em todas as direções. Vi  também ele benzendo e limpando a médium Odete, seu cavalo,  com suas ervas. Uma nuvem de fumaça tomou conta de toda o Terreiro. Um preto que me chamou a atenção: ele era magro, não tinha barba e tinha umas rugas muito marcadas na testa. Nas mãos cicatrizes, parecendo queimaduras. Ele colocou uma flor de jasmim no colo de uma preta que estava sentada ao lado de Pai Joaquim, acho que era a Maria Redonda, mas ambos permaneceram até ao final do ritual.


Oguns:  vi grandes redemoinhos sendo formados na volta de nossa corrente. Um grande número de soldados africanos apresentou-se, alguns posicionando-se lado a lado de alguns médiuns assumindo seus cavalos. Os médiuns foram levados desdobrados para as tendas ao lado do Terreiro em estado de adormecimento, pareciam anestesiados. Nas tendas, foram aplicados nestes médiuns pequenos choques de luz, nas cores que iam do lilás ao azul. As espadas colocadas nos alguidares foram recolhidas por esses soldados e colocadas na mão de cada médium no final da lavagem de cabeça. Esses soldados sumiram quando atravessaram o portal formado no congá.

Foi nesse momento em que ocorria a lavagem da cabeça do Ricardo, Elba e Eduardo, que algumas crianças chegaram correndo no Terreiro. Elas eram tão rápidas que mal dava para perceber a presença, pareciam bolas coloridas soltas no salão. Jogavam folhas e flores por todo o lado, numa grande festa.

Eu ouvia o barulho de uma música, mas não conseguia ver quem tocava.  Ciganos(as), Exus e Pombas Giras fizeram a limpeza de todo o espaço do Terreiro, pátio e fundos. Tudo muito rápido, o que me causou algumas vertigens. Bem no meio do portão de acesso ao Terreiro, foi desenhado  por um exu (que usava uma capa preta), uma imagem de um garfo com cruzes de cabeça para baixo. Este desenho permaneceu lá até quando fui embora.

Após o término da lavagem da cabeça, os três Oguns que estavam dentro do triângulo uniram-se ao centro, abaixo da flor de lótus com suas espadas e foram inundados por uma luz muito forte que saia da flor, que começou a girar em torno deles. Cada um apontou sua espada para cada canto do triângulo formando um grande holograma. Fios de luz se expandiram para todos os lados e iam direto para os nossos plexos frontais que tinham um cristal que girava muito. Vi a presença de uma mulher indiana, seu traje era rosa, ela espalhou várias flores sobre nossas cabeças.

Na despedida dos Oguns da Elba e Eduardo, eles formaram um grande redemoinho de luz e desapareceram no meio do salão. Ouvi o barulho forte de metais que se chocaram.

 Na despedida do Ogum Beira-Mar do Ricardo, que recebeu um forte abraço dele, subiu no seu cavalo (que não era nem branco e nem preto, mas um lindo animal alado de luz), atravessou o portal  e este se desfez  deixando surgir as imagens novamente.
Pai Joaquim e Maria Redonda também se despediram cantando o ponto de Pai Oxalá.

No final eu vi um espírito de um homem bem jovem. Ele segurava um cajado de madeira na mão e na ponta desse cajado tinha uma pedra redonda, parecia a lua. Quando ele girou  esse cajado na corrente, o Terreiro escureceu e vários cristais acenderam nas paredes, como se estivéssemos numa grande gruta. Vi em seu rosto lágrimas de felicidade quando ele ajoelhou-se no meio de nossa corrente e o teto se abriu mostrando o céu todo estrelado. Nesse momento, todos ficaram incandescentes. Esse espírito subiu para as estrelas.  Nesse momento senti  uma vontade de ajoelhar e agradecer a Deus por todas as dádivas alcançadas.

Luciana e eu





Salve todos os Orixás da Umbanda que nos fortalecem e nos guiam por todas as nossas encarnações!

Axé!