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terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Serafina - Um conto de Umbanda

Por Cândida Camini


Nossa amiga Sara um dia me contou esta história e, na mesma hora, pensei em transformá-la num conto, de tão bonita que achei. Aí vai:


" Era final de tarde de um dia nublado, e Teresa estava sentada na sala escura, fria e suja do que deveria ser um consultório médico.
A sua frente estava sentada uma mulher negra, com seus grandes olhos fixos nela.
Já estava começando a se sentir incomodada, quando a mulher lhe dirigiu a palavra:
- Você veio aqui para tirar esta criança não veio? – perguntou sem rodeios
- Sim – Teresa respondeu num sussurro, como se temesse ouvir a própria resposta.
- Não faça isto, eu lhe peço. Acredite em mim. Seja qual for o motivo que te trouxe aqui, não faça isto. Eu prometo que vou cuidar dela pra você. E quando ela nascer, só te peço que coloque nela o meu nome, Serafina.
Teresa suspirou fundo, fechou os olhos e, como em um filme, reviu as cenas de sua vida.
O companheiro de família abastada, que nunca quis assumi-la e aos seus outros dois filhos.
A própria família que a renegou por insistir nesta relação.
E agora ela estava grávida novamente e decidira que não iria trazer ao mundo mais uma criança para passar fome, como seus irmãos.
Ao abrir os olhos, percebeu que a mulher desaparecera.
Mas de alguma forma, algo tinha mudado dentro dela.
Sem saber bem por que, saiu às pressas dali e decidiu que iria ter o bebê.
E assim foi. 
Logo Teresa tinha mais uma criança para criar. Era uma menina e ela não titubeou em dar-lhe o nome de Serafina.
Mas a vida estava cada vez mais difícil. Ela não tinha como alimentar tantos filhos.
E já estava grávida de outro, quando decidiu entregar Serafina para alguém que pudesse lhe dar o que ela não tinha condições.
Andando pela rua a esmo, já cansada e sem esperanças, parou à frente de uma casa simples, porém bem cuidada. E ali ficou por um tempo que não saberia precisar.
Até que a porta abriu-se e uma mulher perguntou o que ela desejava.
Teresa contou sua história e a mulher aceitou ficar com Serafina.
Mas Teresa impôs uma condição: que ela mantivesse o nome da criança.
E Serafina passou então a chamar-se Sara Isabel Serafina, porque a nova mãe fez questão de colocar na menina o nome de suas avós, Sara e Isabel.
Os anos se passaram céleres, Sara casou, teve filhos e um dia ficou sabendo que aquela Tia Teresa, que a visitava sempre, era na verdade a sua mãe biológica e os que considerava como primos, seus irmãos.
Certo dia, estava angustiada com um problema familiar e recebeu o convite de um amigo de visitar um Terreiro de Umbanda. E lá se foi ela, sem saber exatamente o que iria encontrar e como deveria se comportar.
Lá chegando, sentou-se à frente de um Preto Velho de nome Joaquim, pelo qual se tomou de amores imediatamente.
A energia do local envolveu-a de forma indescritível e ela sucumbiu ao convite de voltar outras vezes e, quem sabe, participar do grupo de estudos da casa.
Aceitou o convite, mais por educação do que por saber exatamente o que isto significava.
E no dia da reunião de estudos, lá estava Sara Serafina, trêmula, ansiosa, sem saber ao certo o que fazer, o que esperar.
A primeira parte da reunião era teórica. Pai Joaquim estava falando sobre o trabalho dos Pretos Velhos na Umbanda.
Sara ouvia tudo maravilhada. Ao mesmo tempo em que era tudo muito novo para ela, parecia que era íntima dos Pretos Velhos.
E na segunda parte da reunião, quando os pontos começaram a serem ouvidos no Terreiro, chamando os Pretos Velhos, Sara se deixou envolver por aquela magia e logo percebeu que tinha alguém com ela.
Dividida entre o encanto e o medo, perguntou mentalmente quem era.
E a resposta não tardou:

- Sou a Preta Serafina, fia, lembra? Conforme fiz o  prometido a sua mãe, esta nega cuidou e vai continuar cuidando d’ocê e, se ocê permiti, vamu trabaiá juntas nesta Seara de Luz.

E imediatamente ela lembrou da história que sua mãe adotiva havia lhe contado quando ela perguntou porquê ela era tão parecida com aqueles que considerava como seus primos.

Lágrimas de alegria e gratidão lavaram o seu rosto e sua alma, por conta deste reencontro.

Salve os Pretos Velhos!

Agô Nega Serafina!

Salve a Umbanda Sagrada, que proporciona estes momentos lindos aos seus filhos de fé! "

2 comentários:

  1. Antes de mais nada queremos agradecer(eu e a Serafina)por essa narrativa tão bonita,essa história tão bem contada,tão real,transmitida com tanto carinho pela Can. Me levou as lágrimas e creia a que a minha pretinha tbm. Nossos pretos são sábios e carinhosos.E sou grata a ela pela sua proteção.Estou emocionada,então quero deixar aqui o meu agradecimento sincero por tão belas palavras,ditas com tanta singeleza, como são nossos pretos e pretas amados. bjs Can, OBRIGADA. Sara

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  2. Alguém sabe o ponto da vovó serafina?

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