AVISO IMPORTANTE:

* Nossa casa fica em Porto Alegre (RS), Av. 21 de Abril, 1385, Vila Elizabeth, Bairro Sarandi. * Dia 4/3/23 não haverá Gira (trabalho externo) * Dia 11/3/23 voltamos ao horário normal das Giras de Pretos Velhos, aos sábados, 15h

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

No balanço do mar

 Por: Marinheiro Alberto

Canalizado pelo Médium Matheus Niederauer

Até hoje fico pensando como eu, meus companheiros e meu capitão fomos desencarnar justo onde tirávamos o sustento para nossas famílias por muitos anos.
Era uma noite como esta, tranquila, mar calmo, parecia que seria uma excelente noite para trabalhar. Um carregamento de peixe seria entregue e voltaríamos para nossas casas e nossas famílias como muitas noites fizemos.
Estávamos rindo muito por que ganharíamos um bom pagamento e já planejávamos no que iríamos gastar.
Eu já planejava meu descanso, trabalhava muito e precisava dar mais atenção a minha familia. Queria que meus filhos seguissem os meus passos assim como eu segui os de meu pai.
Mesmo que tudo estivesse tranquilo naquela noite, algo me incomodava. Tive um engasgo repentino mas achava que era o Rum que eu degustava.
De repente o tempo virou, as ondas começaram a ficar altas e nosso capitão não conseguiu controlar o nosso barco. Ele diz hoje que tomou- se de uma fraqueza repentina nos braços. Como se fosse uma câimbra. O barco virou e eu tentei me salvar como pude até que fui golpeado na cabeça por uma parte do barco e desacordei.
Senti o meu corpo afundando e já não vi mais nada a minha frente. Sentia muita paz mesmo não mais enxergando nada. Quando despertei, nunca botei tanta água para fora. Minha roupa estava encharcada. Um rapaz de branco cuidou de mim. Perguntei sobre meus companheiros e ele só dizia que estavam todos bem. Demorei muito para aceitar a condição de desencarnado. Deixar minha família e mais do que isso deixar a minha vida no mar. Sinto falta do meu trabalho e o que me preenche hoje é proteger quem trabalha no mar. Pescadores, marinheiros e capitães do mar. Resgatar os desencarnados no mar. Já fui nestas casas de reza de vocês. Trabalhamos sempre em grupo.
Nosso trabalho é limpeza. Antes limpávamos era o convés, hoje limpamos vocês.
Quando posso, gosto muito de caminhar na beira na beira da praia a noite. Me faz bem, mesmo sendo um espírito.
Como pode me encontrar? É simples.
Ouça o som das ondas. Ao fundo, bem ao fundo você ouvirá o som de um apito.
É o sinal que estamos chegando pra trabalhar.
Salve a Marujada
Salve Mãe d'água.
Odoyá todo o Povo do Mar