AVISO IMPORTANTE:

* Nossa casa fica em Porto Alegre (RS), Av. 21 de Abril, 1385, Vila Elizabeth, Bairro Sarandi. * Dia 4/3/23 não haverá Gira (trabalho externo) * Dia 11/3/23 voltamos ao horário normal das Giras de Pretos Velhos, aos sábados, 15h

sábado, 12 de outubro de 2013

Salve, Salve essa Nega - A História Continua

Publiquei aqui mesmo no Blog a história da Márcia Souza, como chegou até nossa Casa, mesmo sem saber o endereço, e como a música da Maria Gadú, Dona Cila, que ela ouviu aqui numa gira de Preto Velho, a fez ter certeza que estava no lugar certo, na hora certa.
Agora publico a história do Carlos, marido dela, e sua relação de amor por esta Casa.
Ao receber o arquivo e perceber o tamanho do texto, pensei que precisava editá-lo, deixá-lo mais curto, ou talvez publicar só o início e um link para um arquivo virtual, onde quem quisesse lê-lo completo pudesse acessar.
Mas agora, ao lê-lo novamente, tenho a certeza de que tenho que publicá-lo inteiro aqui, porém em capítulos, como fiz com o texto da Márcia.
E, como nada é por acaso, estou publicando hoje, 12 de Outubro, dia de Nª Sª Aparecida.
Segue o primeiro capítulo, então:

Como “Dona Cila” entrou nas nossas vidas...

Tudo começou com minha festa de 49 anos, idealizada para ser uma  preparação para a grande festa, no ano seguinte,  dos meus 50 anos. Estava quase desistindo de fazer, quando conversando com minha mãe, que na época estava muito bem, insistiu para realizar a festa programada.
Diante do seu pedido realizei a festa, porém jamais imaginaria que seria a sua despedida. Ela  dançou muito, festejou com os convidados, invadiu a pista de dança, pediu todas as músicas e acompanhou até o amanhecer. Não imaginaria que uma semana, depois ela iniciaria um calvário  de oito meses, passando por um coma,  câncer e sua morte.
Com todos os meus estudos e minha preparação para vida que, pretensamente, achava que tinha, não consegui aceitar seu sofrimento. Foram   meses de vivência dentro de um hospital, entre dias de esperança e de sofrimento.
Lembro bem que, num dia de felicidade, por ela ter saído do coma, ao chegar em casa, fui surpreendido pela “música”,   Dona Cila. Ao ouvir aqueles versos o choro foi inevitável. Apenas para esclarecer, a minha mãe tinha o apelido de Dona Cela. A Márcia publicou na internet a música e avisou, quando cheguei em casa, após mais um dia de tensão:  “achei uma música que parece muito com a tua história e lembra bastante a tua mãe.”
Imediatamente, fui assistir ao vídeo, e a imagem que inundou minha mente   foi a da minha Vó. Sentia sua presença, ouvia sua voz, era como se ela estivesse ali comigo, me confortando e me preparando para o que viria. Queria chorar, mas não conseguia,  ao ouvir a música, fui tomado de muita  emoção e desabei.
A internet rapidamente se encarregou de compartilhar entre todos  os nossos amigos e familiares, aquele momento especial. Todos passaram a visualizar a minha mãe ao ouvir a música.
Minha mãe recobrou as forças e pediu para passar o Natal, Ano Novo e as formaturas dos meus filhos, que ocorreriam na primeira semana de janeiro, em casa.  Foi sua despedida, do jeito que gostava, com muita festa e  toda  família reunida.

Pelo amor ou pela dor...

Sempre fui um  estudioso da espiritualidade, tendo   dedicado minha vida a leituras de muitas obras e participado de instituições filosóficas. Encarei a vida com muita fé, porém, com a doença da minha mãe, fracassei mentalmente, desejando de todo coração, naquele momento, morrer no lugar dela.
Diante do meu desejo, sofri um infarto, num momento em que estava completamente sozinho e, conforme os médicos me descreveram, fiquei entre a vida e a morte.
Mesmo tendo desejando morrer, na hora da dor e da morte, implorei e supliquei a Deus por mais uma oportunidade. Incrivelmente, naquele momento, minha mente foi inundada, novamente, pela “música”, acalmando e aliviando as dores “da pata do elefante” no meu peito. Foi o suficiente para que eu fosse atendido por médicos que me restauraram a saúde.
Milagrosamente sobrevivi, com uma grave sequela no coração. Recebi energia suficiente para acompanhar a despedida e o funeral da minha Amada Mãe.
Era apenas o primeiro “round” de uma luta árdua que viria pela frente, Após a recuperação do infarto, as dores haviam sumido completamente, estava ansioso para retomar meu trabalho, pois nos oito meses em que minha mãe esteve doente, havia abandonado tudo.
Quando me sentia pronto para voltar a minha rotina, eis que as dores recomeçam e as crises passam a ser diárias. Os médicos haviam me diagnosticado também com um quadro de asma e iniciado um tratamento insuficiente e inadequado para o meu quadro clínico.
Intuitivamente, sabia que deveria procurar outro médico com mais experiência. Foi o que fiz, numa manhã muito fria.
Encontrei um anjo de guarda, Dr. Alberto Monaiar, um Cardiologista muito experiente, que juntamente com Deus, meus Mentores e Protetores, salvaram minha vida.  Imediatamente, após entrar no seu consultório, foi logo me avisando: com dores tu não sairás do meu consultório, vamos investigar tudo, porém te adianto que asma tu não tens e uma informação importante: “coração dói sim”.
Exames feitos, fui encaminhado para cirurgia cardíaca na Santa Casa, porém deveria aguardar em casa, sem fazer qualquer tipo de esforço, até que surgisse uma vaga. Como tinha muita dificuldade para respirar,   só conseguia dormir sentado.

Um pássaro me trouxe a fé!

Sempre acreditei que sobreviveria, porém num dia especial, tive a certeza.
Era Dia de Nossa Senhora Aparecida, 12 de Outubro, e estávamos somente eu e meu filho Matheus, um dos meus companheiros de jornada, em casa.
O Dia 12 de Outubro sempre me ligava a memória da minha Vó, por ser o Dia das Crianças e também por representar o Dia em que ela havia se despedido de todos,   quando esteve no plano físico. Ela era muito devota de Nsa. Sra. Aparecida.
Desde criança passei também a ser muito devoto na Nsa. Sra. Aparecida e a renovar minha fé, com imensa devoção, no Dia 12 de Outubro.
Quando visitei o Santuário de Nsa. Sra. Aparecida, na Cidade de Aparecida, pela primeira vez, consegui encontrar as explicações que buscava para entender o tamanho da minha devoção. Sempre renovava minha fé nesta data, aguardava ansiosamente por este dia, parecia que recebia doses de energias maravilhosas.
Confesso que no meu íntimo adorei que a cirurgia fosse transferida, pois tinha a convicção que no “Dia de Nossa Senhora” seria abençoado como sempre fora, todos os anos. Assim sendo, depois estaria melhor preparado mentalmente  para enfrentar a cirurgia cardíaca.
Morávamos num dos bairros mais altos da cidade e nosso apartamento ficava no último andar.  Um dos meus “momentos mágicos” era olhar aquela vista linda, pela janela do meu quarto.
Precisamente neste dia, estava muito cansado pois já tinha ido ao hospital todas as semanas e sempre retornava para casa para aguardar leitos. Estava mal, com muita dor no peito e dificuldade para respirar.
Ainda aguardava o milagre do Dia 12 de Outubro. O dia estava quase chegando no final e perguntava: ainda dá tempo para receber a benção do dia, vou melhorar, vou reverter meu quadro, não posso morrer agora.
Naquele final de tarde, por volta de 17 horas,  fui surpreendido por um imenso pássaro de cor branca, que pousou na minha janela, prendeu suas imensas garras nas redes de proteção e ficou alguns minutos me encarando. Quando chamei meu filho, para testemunhar, ele rapidamente voou e foi embora. Meus olhos ficaram marejados.
Passado   alguns minutos, ele retorna ao mesmo lugar e, desta vez, consigo chamar meu filho para testemunhar. Ficamos admirando nosso visitante, agora por uns 20 minutos. Ele um pouco incrédulo e eu tentando segurar minha emoção.
Engraçado que  falava para o meu filho que o pássaro parecia não querer ir embora, parecia ter vindo de tão longe. Sua atitude era de calma e tranquilidade, me encarando, abrindo suas imensas asas e firmando suas garras na rede. 
Depois de algum tempo ele foi embora, mas fiquei com uma sensação de que ele voltaria. Observei que ele fez um voo para cima e imediatamente imaginei que pousaria na área externa do apartamento.
Foi exatamente o que ele fez. Quando anoiteceu, ouvimos um barulho na área externa e nos deparamos com uma cena inusitada: ele havia feito um ninho num vaso de flores e se alojado dentro. Tentávamos nos aproximar dele e suas asas imensas se abriam, não permitindo que o tocássemos. A única autorizada a lidar com ele, era minha filha Eduarda, que levava farelo de pães e água.
Me pus a pesquisar na internet a origem daquele pássaro e não conseguia localizar nada. A única imagem que surgiu na minha mente foi  a do Pássaro de Oxalá. Resolvi dar vazão as imagens mentais e aprofundei minhas pesquisas, concluindo que as imagens pesquisadas e o Pássaro “Amigo” eram iguais.
Imediatamente lembrei da minha Vó e do Pai  Oxalá.  Quando ela estava vivendo no plano físico, era o Orixá que ela trabalhava. Me recordava de todos os cânticos entoados nos encontros. Meu ânimo ficou renovado, pois a presença do pássaro passou a ser um sinal de vida e renovação. Entendi com um sinal de que realmente alguém lá em cima, gostava muito de mim.
Mentalizava que ainda tinha uma missão a cumprir na vida , mesmo diante da incredulidade de alguns médicos, com relação ao sucesso da cirurgia. Sempre ouvia uma voz “intuitiva” que me dizia: relaxa, fica calmo, tudo será resolvido. No meu íntimo aliava a voz da intuição com as imagens da minha Vó me amparando. Tinha a convicção de que os médicos seriam auxiliados a realizarem a cirurgia com êxito.
Os médicos me perguntavam como eu estava? Se estava preparado para morrer? (Ouvi de um psicólogo chamado para me dar assistência no Hospital) Se estava preparado para um transplante? Eu sempre respondia: “Confio em Deus e confio nos senhores médicos, que farão o   que   tiver que ser feito para que eu continue minha jornada.
A história do pássaro juntou-se com a música, sendo que ela nunca havia saído da minha mente. O que passei a reparar era que , naquela semana, não me trazia mais lembranças da morte da minha mãe e sim estabelecia  um elo de ligação com a alma da minha Vó.
O pássaro ganhou um capítulo especial na minha vida, relatei  a história dele, ano passado, quando fez um ano da minha cirurgia.
Ele foi a materialização de um desejo, simbolizou minha vitória e minha responsabilidade futura, que somente depois viria a entender melhor.

A Duda adorou sua  presença , interagia com ele diariamente. Alimentava e  conversava  com ele todos os dias. Um dia ela resolveu dar um nome a ele e foi profunda na escolha, ela disse:  “Pai ele é um anjo e seu nome é Ariel”.
Ariel, na hierarquia dos anjos, é um poderoso Anjo da Natureza.  Na época Eduarda tinha apenas sete anos e estava muito nervosa com a cirurgia, chorava muito, mas me dava força, falando que eu ia ficar bem,  transmitindo mensagens de força e fé.
Imaginem minha emoção quando ela acredita na força do pássaro e me auxilia, com muita força e fé, com mensagens de VIDA.
Pensei: que anjos estão na minha vida, tenho filhos maravilhosos, não posso abandonar o plano físico agora, nós nos complementamos muito, obrigado Meu Deus por me dar uma nova oportunidade.
Sempre fui um cara de muita fé, sempre acreditei muita na minha capacidade, mas sempre tentava equilibrar o meu lado místico e o racional.  Todos os fatos narrados puseram meu lado racional em segundo plano. Por mais que tentasse ponderar, não tinha mais forças para deixá-lo dominar. Passei a ser só coração e emoção.
Formei a convicção de que fui fielmente “guardado “ por Pai Oxalá. 

Continua.....

Texto de Carlos Eduardo Gomes Sérgio

4 comentários:

  1. Belo começo de história! Que venha os próximos capítulos...

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  2. Lendo e rememorando, ponto a ponto, toda a história. Agradeço de todo coração pela oportunidade de compartilhar meu testemunho de fé!!!

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  3. Tá sim, Duda, não poderia deixar de estar.

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