Publiquei aqui mesmo no Blog a história da Márcia Souza, como chegou até nossa Casa, mesmo sem saber o endereço, e como a música da Maria Gadú, Dona Cila, que ela ouviu aqui numa gira de Preto Velho, a fez ter certeza que estava no lugar certo, na hora certa.
Agora publico a história do Carlos, marido dela, e sua relação de amor por esta Casa.
Ao receber o arquivo e perceber o tamanho do texto, pensei que precisava editá-lo, deixá-lo mais curto, ou talvez publicar só o início e um link para um arquivo virtual, onde quem quisesse lê-lo completo pudesse acessar.
Mas agora, ao lê-lo novamente, tenho a certeza de que tenho que publicá-lo inteiro aqui, porém em capítulos, como fiz com o texto da Márcia.
E, como nada é por acaso, estou publicando hoje, 12 de Outubro, dia de Nª Sª Aparecida.
Segue o primeiro capítulo, então:
Como “Dona Cila” entrou
nas nossas vidas...
Tudo começou com minha festa de 49 anos, idealizada para ser
uma preparação para a grande festa, no
ano seguinte, dos meus 50 anos. Estava
quase desistindo de fazer, quando conversando com minha mãe, que na época estava
muito bem, insistiu para realizar a festa programada.
Diante do seu pedido realizei a festa, porém jamais
imaginaria que seria a sua despedida. Ela
dançou muito, festejou com os convidados, invadiu a pista de dança,
pediu todas as músicas e acompanhou até o amanhecer. Não imaginaria que uma
semana, depois ela iniciaria um calvário de oito meses, passando por um coma, câncer e sua morte.
Com todos os meus estudos e minha preparação para vida que,
pretensamente, achava que tinha, não consegui aceitar seu sofrimento. Foram meses
de vivência dentro de um hospital, entre dias de esperança e de sofrimento.
Lembro bem que, num dia de felicidade, por ela ter saído do
coma, ao chegar em casa, fui surpreendido pela “música”, Dona
Cila. Ao ouvir aqueles versos o choro foi inevitável. Apenas para esclarecer, a
minha mãe tinha o apelido de Dona Cela. A Márcia publicou na internet a música
e avisou, quando cheguei em casa, após mais um dia de tensão: “achei uma música que parece muito com a tua
história e lembra bastante a tua mãe.”
Imediatamente, fui assistir ao vídeo, e a imagem que inundou
minha mente foi a da minha Vó. Sentia sua
presença, ouvia sua voz, era como se ela estivesse ali comigo, me confortando e
me preparando para o que viria. Queria chorar, mas não conseguia, ao ouvir a música, fui tomado de muita emoção e desabei.
A internet rapidamente se encarregou de compartilhar entre
todos os nossos amigos e familiares,
aquele momento especial. Todos passaram a visualizar a minha mãe ao ouvir a
música.
Minha mãe recobrou as forças e pediu para passar o Natal, Ano
Novo e as formaturas dos meus filhos, que ocorreriam na primeira semana de
janeiro, em casa. Foi sua despedida, do jeito
que gostava, com muita festa e toda família reunida.
Pelo amor ou pela dor...
Sempre fui um estudioso
da espiritualidade, tendo dedicado minha vida a leituras de muitas obras
e participado de instituições filosóficas. Encarei a vida com muita fé, porém,
com a doença da minha mãe, fracassei mentalmente, desejando de todo coração,
naquele momento, morrer no lugar dela.
Diante do meu desejo, sofri um infarto, num momento em que
estava completamente sozinho e, conforme os médicos me descreveram, fiquei
entre a vida e a morte.
Mesmo tendo desejando morrer, na hora da dor e da morte,
implorei e supliquei a Deus por mais uma oportunidade. Incrivelmente, naquele
momento, minha mente foi inundada, novamente, pela “música”, acalmando e
aliviando as dores “da pata do elefante” no meu peito. Foi o suficiente para
que eu fosse atendido por médicos que me restauraram a saúde.
Milagrosamente sobrevivi, com uma grave sequela no coração.
Recebi energia suficiente para acompanhar a despedida e o funeral da minha
Amada Mãe.
Era apenas o primeiro “round” de uma luta árdua que viria
pela frente, Após a recuperação do infarto, as dores haviam sumido
completamente, estava ansioso para retomar meu trabalho, pois nos oito meses em
que minha mãe esteve doente, havia abandonado tudo.
Quando me sentia pronto para voltar a minha rotina, eis que as
dores recomeçam e as crises passam a ser diárias. Os médicos haviam me
diagnosticado também com um quadro de asma e iniciado um tratamento
insuficiente e inadequado para o meu quadro clínico.
Intuitivamente, sabia que deveria procurar outro médico com
mais experiência. Foi o que fiz, numa manhã muito fria.
Encontrei um anjo de guarda, Dr. Alberto Monaiar, um
Cardiologista muito experiente, que juntamente com Deus, meus Mentores e
Protetores, salvaram minha vida. Imediatamente, após entrar no seu consultório,
foi logo me avisando: com dores tu não sairás do meu consultório, vamos
investigar tudo, porém te adianto que asma tu não tens e uma informação
importante: “coração dói sim”.
Exames feitos, fui encaminhado para cirurgia cardíaca na
Santa Casa, porém deveria aguardar em casa, sem fazer qualquer tipo de
esforço, até que surgisse uma vaga. Como tinha muita dificuldade para respirar,
só conseguia dormir sentado.
Um pássaro me trouxe a fé!
Sempre acreditei que sobreviveria, porém num dia especial,
tive a certeza.
Era Dia de Nossa Senhora Aparecida, 12 de Outubro, e
estávamos somente eu e meu filho Matheus, um dos meus companheiros de jornada, em
casa.
O Dia 12 de Outubro sempre me ligava a memória da minha Vó,
por ser o Dia das Crianças e também por representar o Dia em que ela havia se
despedido de todos, quando esteve no plano físico. Ela era muito
devota de Nsa. Sra. Aparecida.
Desde criança passei também a ser muito devoto na Nsa. Sra. Aparecida
e a renovar minha fé, com imensa devoção, no Dia 12 de Outubro.
Quando visitei o Santuário de Nsa. Sra. Aparecida, na Cidade
de Aparecida, pela primeira vez, consegui encontrar as explicações que buscava para entender o tamanho da minha devoção. Sempre renovava minha fé nesta data,
aguardava ansiosamente por este dia, parecia que recebia doses de energias
maravilhosas.
Confesso que no meu íntimo adorei que a cirurgia fosse
transferida, pois tinha a convicção que no “Dia de Nossa Senhora” seria
abençoado como sempre fora, todos os anos. Assim sendo, depois estaria melhor
preparado mentalmente para enfrentar a
cirurgia cardíaca.
Morávamos num dos bairros mais altos da cidade e nosso apartamento ficava no último andar. Um dos meus
“momentos mágicos” era olhar aquela vista linda, pela janela do meu quarto.
Precisamente neste dia, estava muito cansado pois já tinha
ido ao hospital todas as semanas e sempre retornava para casa para aguardar
leitos. Estava mal, com muita dor no peito e dificuldade para respirar.
Ainda aguardava o milagre do Dia 12 de Outubro. O dia estava
quase chegando no final e perguntava: ainda dá tempo para receber a benção do
dia, vou melhorar, vou reverter meu quadro, não posso morrer agora.
Naquele final de tarde, por volta de 17 horas, fui surpreendido por um imenso pássaro de cor
branca, que pousou na minha janela, prendeu suas imensas garras nas redes de
proteção e ficou alguns minutos me encarando. Quando chamei meu filho, para
testemunhar, ele rapidamente voou e foi embora. Meus olhos ficaram marejados.
Passado alguns minutos, ele retorna ao mesmo lugar e,
desta vez, consigo chamar meu filho para testemunhar. Ficamos admirando nosso
visitante, agora por uns 20 minutos. Ele um pouco incrédulo e eu tentando
segurar minha emoção.
Engraçado que falava
para o meu filho que o pássaro parecia não querer ir embora, parecia ter vindo
de tão longe. Sua atitude era de calma e tranquilidade, me encarando, abrindo
suas imensas asas e firmando suas garras na rede.
Depois de algum tempo ele foi embora, mas fiquei com uma
sensação de que ele voltaria. Observei que ele fez um voo para cima e
imediatamente imaginei que pousaria na área externa do apartamento.
Foi exatamente o que ele fez. Quando anoiteceu, ouvimos um
barulho na área externa e nos deparamos com uma cena inusitada: ele
havia feito um ninho num vaso de flores e se alojado dentro. Tentávamos nos
aproximar dele e suas asas imensas se abriam, não permitindo que o tocássemos.
A única autorizada a lidar com ele, era minha filha Eduarda, que levava farelo
de pães e água.
Me pus a pesquisar na internet a origem daquele pássaro e não
conseguia localizar nada. A única imagem que surgiu na minha mente foi a do Pássaro de Oxalá. Resolvi dar vazão as
imagens mentais e aprofundei minhas pesquisas, concluindo que as imagens
pesquisadas e o Pássaro “Amigo” eram iguais.
Imediatamente lembrei da minha Vó e do Pai Oxalá.
Quando ela estava vivendo no plano físico, era o Orixá que ela
trabalhava. Me recordava de todos os cânticos entoados nos encontros. Meu ânimo
ficou renovado, pois a presença do pássaro passou a ser um sinal de vida e
renovação. Entendi com um sinal de que realmente alguém lá em cima, gostava
muito de mim.
Mentalizava que ainda tinha uma missão a cumprir na vida ,
mesmo diante da incredulidade de alguns médicos, com relação ao sucesso da
cirurgia. Sempre ouvia uma voz “intuitiva” que me dizia: relaxa, fica calmo,
tudo será resolvido. No meu íntimo aliava a voz da intuição com as imagens da
minha Vó me amparando. Tinha a convicção de que os médicos
seriam auxiliados a realizarem a cirurgia com êxito.
Os médicos me perguntavam como eu estava? Se estava preparado
para morrer? (Ouvi de um psicólogo chamado para me dar assistência no Hospital)
Se estava preparado para um transplante? Eu sempre respondia: “Confio em Deus e confio nos senhores
médicos, que farão o que tiver que ser feito para que eu continue
minha jornada.
A história do pássaro juntou-se com a música, sendo que ela
nunca havia saído da minha mente. O que passei a reparar era que , naquela
semana, não me trazia mais lembranças da morte da minha mãe e sim estabelecia um elo de ligação com a alma da minha Vó.
O pássaro ganhou um capítulo especial na minha vida, relatei a história dele, ano passado, quando fez um
ano da minha cirurgia.
Ele foi a materialização de um desejo, simbolizou minha
vitória e minha responsabilidade futura, que somente depois viria a entender
melhor.
A Duda adorou sua
presença , interagia com ele diariamente. Alimentava e conversava com ele todos os dias. Um dia ela resolveu
dar um nome a ele e foi profunda na escolha, ela disse: “Pai ele é um anjo e seu nome é Ariel”.
Ariel, na hierarquia dos anjos, é um poderoso Anjo da
Natureza. Na época Eduarda tinha apenas
sete anos e estava muito nervosa com a cirurgia, chorava muito, mas me dava
força, falando que eu ia ficar bem, transmitindo mensagens de força e fé.
Imaginem minha emoção quando ela acredita na força do pássaro
e me auxilia, com muita força e fé, com mensagens de VIDA.
Pensei: que anjos estão na minha vida, tenho filhos
maravilhosos, não posso abandonar o plano físico agora, nós nos complementamos
muito, obrigado Meu Deus por me dar uma nova oportunidade.
Sempre fui um cara de muita fé, sempre acreditei muita na
minha capacidade, mas sempre tentava equilibrar o meu lado místico e o
racional. Todos os fatos narrados
puseram meu lado racional em segundo plano. Por mais que tentasse ponderar, não
tinha mais forças para deixá-lo dominar. Passei a ser só coração e emoção.
Formei a convicção de que fui fielmente “guardado “ por Pai Oxalá.
Continua.....
Texto de Carlos Eduardo Gomes Sérgio
Belo começo de história! Que venha os próximos capítulos...
ResponderExcluirLendo e rememorando, ponto a ponto, toda a história. Agradeço de todo coração pela oportunidade de compartilhar meu testemunho de fé!!!
ResponderExcluirMuito legal! Eu também tô aí!! <3
ResponderExcluirTá sim, Duda, não poderia deixar de estar.
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