Desculpem a formatação do texto, juro que não fui eu rsrsrsrs Coisas do Blogger. Desisto e vou publicar assim mesmo. O que importa é o conteúdo!
“... Salve, salve essa nega
Que axé ela tem
Te carrego no colo e te dou minha mão
Minha vida depende só do teu encanto...”
O
ambiente era tão calmo, tudo tão clarinho, tão limpinho.
Será que estava
sonhando? Por que “eles” me levaram ali?
E aquela música? Justo aquela música?A
música era “Dona Cila”, da Maria Gadu.
Essa música tem um significado muito
especial para a nossa família, em especial, para o meu marido. Quando a ouvi
ficou difícil conter as lágrimas. Deixei que elas viessem, precisava chorar.Dali onde estava sentada enxergava o congá na parede, ao fundo, tinha umas nuvens
pintadas e algumas imagens de orixás, cuidadosamente organizadas, além de
algumas flores que serviam para deixar o lugar ainda mais bonito.
A sessão começa. Os médiuns entram e formam
um círculo que se movimenta em sentido horário, enquanto toca uma linda
melodia:
“Meu pai, Oxalá, obrigado meu pai que bom...
As voltas do teu abraço, são laços de luz e som!”
E dali em diante tudo me parecia muito familiar, sentia até vontade de cantar!
Que alegria estar ali! A sessão transcorria como estava descrito no livro “Tambores de
Angola” – que, por acaso, descobri que fazia parte do acervo da biblioteca da
casa.
Na minha vez de tomar o passe ouvi, através
do médium, um “muito obrigado”. Obrigado? Mas se alguém deveria estar grato,
esse alguém era eu! Foi uma emoção
indescritível. Encontrei o que procurava! E mais lágrimas caíram e dessa vez se
fundiam com as da “Preta Velha” que me dava o passe e me abraçava de maneira
muito acolhedora. E essa “Preta” me parecia muito familiar, como tudo
naquela casa.
“... Teu olho
que brilha e não para
Tuas mãos de fazer tudo e até
A vida que chamo de minha
Neguinha, te encontro na fé...”
Meu tempo de passe tinha acabado, que pena!
Não é que exista um tempo regulamentado para o passe, é que tem muitas pessoas
para serem atendidas e a casa precisa manter uma certa ordem para que todos
recebam o que foram buscar.
Então a entidade pediu que ficasse mais um pouco,
e nem precisava me pedir, porque não tinha a menor vontade de ir embora dali. Fui
orientada a pedir um “encaixe” para ser atendida - As pessoas que não marcaram
a consulta previamente podem deixar seu nome na lista e, conforme a
disponibilidade vão sendo atendidas, e quase sempre, todos são atendidos –
Esperei, e não demorou muito, chamaram meu nome. Dessa vez fui direcionada
para outro médium, era um “Preto Velho” – me perdoem, mas dada a minha emoção,
confesso que não perguntei nomes, aliás, não consegui perguntar nada, as
lágrimas não permitiam.
Então descobri que as perguntas não seriam
necessárias. Minha chegada era esperada
e minhas angústias eram conhecidas. Minha maior angústia naquele momento era
a saúde do meu marido. Ele estava fora do Brasil e as coisas não estavam saindo
conforme o previsto e a sua saúde estava bastante comprometida. Sentindo-se sozinho
e doente, ele só pensava em voltar para casa. Foram três longos e difíceis meses.
Durante esse período, os mentores pediam que dissesse a ele que “relembrasse” - “Ele precisa relembrar. Diga a ele que relembre
dos ensinamentos que recebeu quando criança e que faça as práticas” – e era
o que eu fazia, praticamente todos os dias, dava o “recado” sem entender o que
significava, mas como havia decido não opor resistência, fazia o que me pediam.
Naquele momento da consulta, expliquei para
o “Preto” o que estava acontecendo, que precisava ajudar meu marido a voltar ao
Brasil e adivinha o que ele me disse: “Ele
precisa relembrar. O “fio” sabe o que precisa fazer, ele precisa ter fé e
colocar em prática os ensinamentos. A “fia” ainda tem que aprender, e o “fio”,
relembrar o que já aprendeu. Diz pro “fio” ficá calmo que no outro sábado
o “fio” vai tá entrando pela “quela” porta, aí “nois” vai ter muita coisa pra
conversá”.
“... Me
mostre um caminho agora
Um jeito de estar sem você
O apego não quer ir embora
Diaxo, ele tem que querer...”
Ah! Tem mais outro detalhe nessa história: não tinha contado para ele que iria a uma gira de Umbanda - justo eu, que
nunca tenho segredos para ele! – Ainda mais esse: Gira de Um-banda. O
Carlos é “da religião”, como a gente diz, só que ainda menino, a sua avó
materna faleceu, daí ele pouco frequentava sessões e, quando ia, ficava sempre
desconfiado. No fundo, acho que o que ele queria era reencontrar o elo com a
sua avó, mas como não conseguia, acabava se decepcionando e, assim como eu,
vivia a sua eterna busca.
Enfim, a questão era: não poderia haver
segredos dali em
diante.
Perguntei ao “Preto” o que devia fazer: contava ou
não? O “Preto” disse que contasse, que ele saberia
entender, pois a religião estava nele e, com o tempo, tudo faria sentido.
E foi
o que fiz, contei. Como o “Preto” havia dito, as coisas se
encaminharam como num passe de mágica, inacreditavelmente tudo se resolveu! Três
dias depois, estava indo buscá-lo no aeroporto.
No sábado seguinte, lá estávamos nós,
juntos, entrando pelo portão daquela casa, da Casa Pai Joaquim de Cambinda.
“... Te
carrego no colo e te dou minha mão
Minha vida depende só do teu encanto
Cila pode ir tranquila
Teu rebanho tá pronto...”
Como " Ogum Beira Mar” bem disse, em outra consulta:
“Só há duas formas de aprender: pelo amor,
ou pela dor, a filha é que escolhe!”
Escolho o amor.
Ah! E quanto à música? Essa história não
sou eu quem vai contar, é o Carlos!
Porque essa é mais uma pecinha que forma
esse “quebra-cabeça divino” chamado vida!
Texto de Márcia Souza
http://marciaholi.blogspot.com.br/
Leia a primeira parte desta história no link:
http://www.casapaijoaquimdecambinda.blogspot.com.br/2013/08/quando-o-coracao-fala-6.html
E a segunda parte:
Será que estava sonhando? Por que “eles” me levaram ali?
E aquela música? Justo aquela música?A música era “Dona Cila”, da Maria Gadu.
Essa música tem um significado muito especial para a nossa família, em especial, para o meu marido. Quando a ouvi ficou difícil conter as lágrimas. Deixei que elas viessem, precisava chorar.Dali onde estava sentada enxergava o congá na parede, ao fundo, tinha umas nuvens pintadas e algumas imagens de orixás, cuidadosamente organizadas, além de algumas flores que serviam para deixar o lugar ainda mais bonito.
A sessão começa. Os médiuns entram e formam um círculo que se movimenta em sentido horário, enquanto toca uma linda melodia:
“Meu pai, Oxalá, obrigado meu pai que bom... As voltas do teu abraço, são laços de luz e som!”
E dali em diante tudo me parecia muito familiar, sentia até vontade de cantar!
Que alegria estar ali! A sessão transcorria como estava descrito no livro “Tambores de Angola” – que, por acaso, descobri que fazia parte do acervo da biblioteca da casa.
Na minha vez de tomar o passe ouvi, através do médium, um “muito obrigado”. Obrigado? Mas se alguém deveria estar grato, esse alguém era eu! Foi uma emoção indescritível. Encontrei o que procurava! E mais lágrimas caíram e dessa vez se fundiam com as da “Preta Velha” que me dava o passe e me abraçava de maneira muito acolhedora. E essa “Preta” me parecia muito familiar, como tudo naquela casa.
Não é que exista um tempo regulamentado para o passe, é que tem muitas pessoas para serem atendidas e a casa precisa manter uma certa ordem para que todos recebam o que foram buscar.
Então a entidade pediu que ficasse mais um pouco, e nem precisava me pedir, porque não tinha a menor vontade de ir embora dali. Fui orientada a pedir um “encaixe” para ser atendida - As pessoas que não marcaram a consulta previamente podem deixar seu nome na lista e, conforme a disponibilidade vão sendo atendidas, e quase sempre, todos são atendidos – Esperei, e não demorou muito, chamaram meu nome. Dessa vez fui direcionada para outro médium, era um “Preto Velho” – me perdoem, mas dada a minha emoção, confesso que não perguntei nomes, aliás, não consegui perguntar nada, as lágrimas não permitiam.
Então descobri que as perguntas não seriam necessárias. Minha chegada era esperada e minhas angústias eram conhecidas. Minha maior angústia naquele momento era a saúde do meu marido. Ele estava fora do Brasil e as coisas não estavam saindo conforme o previsto e a sua saúde estava bastante comprometida. Sentindo-se sozinho e doente, ele só pensava em voltar para casa. Foram três longos e difíceis meses.
Durante esse período, os mentores pediam que dissesse a ele que “relembrasse” - “Ele precisa relembrar. Diga a ele que relembre dos ensinamentos que recebeu quando criança e que faça as práticas” – e era o que eu fazia, praticamente todos os dias, dava o “recado” sem entender o que significava, mas como havia decido não opor resistência, fazia o que me pediam.
Naquele momento da consulta, expliquei para o “Preto” o que estava acontecendo, que precisava ajudar meu marido a voltar ao Brasil e adivinha o que ele me disse: “Ele precisa relembrar. O “fio” sabe o que precisa fazer, ele precisa ter fé e colocar em prática os ensinamentos. A “fia” ainda tem que aprender, e o “fio”, relembrar o que já aprendeu. Diz pro “fio” ficá calmo que no outro sábado o “fio” vai tá entrando pela “quela” porta, aí “nois” vai ter muita coisa pra conversá”.
Enfim, a questão era: não poderia haver segredos dali
E foi o que fiz, contei. Como o “Preto” havia dito, as coisas se encaminharam como num passe de mágica, inacreditavelmente tudo se resolveu! Três dias depois, estava indo buscá-lo no aeroporto.
No sábado seguinte, lá estávamos nós, juntos, entrando pelo portão daquela casa, da Casa Pai Joaquim de Cambinda.
“Só há duas formas de aprender: pelo amor, ou pela dor, a filha é que escolhe!”
Ah! E quanto à música? Essa história não sou eu quem vai contar, é o Carlos!
Texto de Márcia Souza
http://marciaholi.blogspot.com.br/
Leia a primeira parte desta história no link:
http://www.casapaijoaquimdecambinda.blogspot.com.br/2013/08/quando-o-coracao-fala-6.html
E a segunda parte:
Emocionante. E essa música, linda demais também.
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