Uma tarde bateram palmas no portão, fui atender e lá estava ele, curioso, meio que assustado, não acreditando que era aqui mesmo rsrsrsrs
Isto porque também não temos nada que identifique ser aqui um Terreiro de Umbanda. Moramos na frente e as giras acontecem numa antiga garagem, nos fundos, que foi transformada na Casa Pai Joaquim de Cambinda.
Conversa vai, conversa vem, me contou que achou o endereço na Internet.
Surpresa, perguntei como, já que não publico o endereço em lugar algum.
Pois ele achou no Google e me explicou como.
Confesso que depois fiz várias pesquisas no Google, de tudo que é forma, e não consegui achar.
Enfim, aqui chegou, em abril deste ano e aqui ficou.
Entrou para o grupo de estudos e tem frequentado a casa regularmente.
Estes dias recebi um e-mail dele, que se enquadra bem nesta série de textos "Quando o Coração Fala" e vou reproduzí-lo a seguir, pois tenho certeza que muitos irão se identificar com ele:
" Gostaria de contar alguns acontecimentos para vocês. Primeiro quero dizer que sinto muita necessidade de estar ai no terreiro, muita mesmo. Está cada vez mais dificil para mim ficar sentado na assistência. Fico sempre com um gostinho de quero mais, com um sentimento de que posso ajudar mais e mais.
Minha vida mudou muito desde que cheguei aí. A palavra 'eu' praticamente não existe mais, foi substituída por nós.Porque me sinto sempre acompanhado por meus protetores, pela corrente mediúnica, por Deus. Entendo agora que não faço nada sozinho, aliás nunca fiz, apenas não enxergava isso.
Quero falar sobre a semana do povo cigano que passou ,
precisamente no atendimento de quarta feira passada.
Para aqueles que acham que
somente gira de Exu e Caboclo é forte, foi uma lição. Confesso que me surpreendi
também com tudo que aconteceu. Sempre respeitei e admirei o Povo Cigano, mas
jamais vou esquecer o que se passou.
Cheguei ao Terreiro cedo como sempre faço e fiquei sentado aguardando o começo da gira. Logo que começou, senti a presença espiritual de um cigano, pois estava bem conectado com a vibração das músicas que estavam tocando. Percebi quando Pablo (Cigano dirigente dos trabalhos neste dia) passou dividindo o pão e o vinho como é de costume mas eu não podia me
mexer, estava em uma energia muito boa e não consegui responder a ele, que me chamou e permaneci ali imóvel. Nem imaginava o que viria pela frente. Apesar de toda energia boa que recebi, logo que voltei ao normal, comecei a travar uma
luta muito grande.
Pensamentos ruins tomavam conta de mim. Eu tinha pedido à Cândida uma consulta, achei que estava demorando e uma voz na minha cabeça me dizia que seria
esquecido, que meu horário seria dado a outras pessoas, que eu não era importante,
por que não saia correndo dali , por que não ia embora logo, enfim. Eu tinha comprado um
vinho para presentear a Cigana e a mesma voz me sugeria que eu fosse embora e que “nós”
poderíamos tomar aquele vinho juntos. Eu já não aguentava mais
aquilo, estava totalmente alterado. Queriam que eu fizesse o que fiz boa parte da
minha vida, simplesmente atirasse tudo para cima. Consegui levantar e fui até a Cândida e reclamei por ter a mesma esquecido de mim. Ela, prontamente como sempre, mesmo com o adiantado da hora, me encaminhou à Cigana Esmeralda. Confesso que me deixei alterar e neste momento já tinha me perdido. Consegui chegar até a Cigana, ela me recebeu muito bem, mas eu não soube lidar
com a situação e frente à Cigana não pude receber toda a ajuda que me estava sendo oferecida, por minha própria
culpa.Voltei à assistência e fiquei ali sentado, já analisando tudo que tinha
acontecido, como eu iria pedir desculpas à Cândida por ter sido mal
educado, minha cabeça dava voltas e mais voltas, então novos fatos começaram a
acontecer.
Uma médium deu passagem a um espírito, não sei como chamar, “egum”
talvez, e toda a corrente começou a trabalhar forte. Alguns caíram no chão, não
por serem fracos e sim por amor, por caridade, auxiliando os” irmãozinhos
necessitados”. Foi então que meus protetores fizeram com que eu me aproximasse da corrente e doasse energia. Mais uma vez começou um diálogo dentro de mim,
eles me diziam “Tu não está nesta corrente, o que tu queres aqui?” Minha resposta
foi ”não estou nesta corrente mas a corrente está em mim”. Aí perguntaram para
mim: "quem é teu chefe, quem é teu líder?”.
Prontamente respondi: ”meu chefe é Deus, meu líder é Deus, se tivessem alguma coisa a reclamar que reclamassem a ele.” Neste momento consegui ficar em pé e realmente me concentrar. Logo a corrente inteira
estava firme e forte e foi encerrado mais um trabalho vitorioso.
Como sempre acontece, não dormi aquela noite, pois fico muito
ligado ao que acontece no terreiro nos dias que estou lá, analisando tudo, e
muitas vezes me pegava negociando com aquele irmão que não aceitou ajuda. Minha
cabeça dava voltas e mais voltas, sei que tenho que melhorar muito isso. O tempo
passou e chegou a sexta-feira, dia de estudos e por “coincidência” era
prática com o Povo Cigano.
Mais uma vez iniciou a gira como de costume, e também
como de costume fiquei ao lado do Pai José. Algumas sensações estranhas chegavam
até mim, alguns arrepios, uma energia diferente. Foi então que Pai José me
perguntou: "Sabe quem esta aí né?” Olhei para ele e fiz sinal com a cabeça que
não, não sabia. Então Pai José perguntou: "Por onde tu andou quando estava
dormindo?” Mais uma vez eu não tinha esta resposta e foi então que acabei me
curvando na cadeira e não pude mais me mexer, 'ele' não me deixava nem abrir a boca Eu fazia esforço para falar, para me mexer, mas não conseguia.
Vi quando a prática
dos Ciganos começou, queria participar, mas não podia. Então comecei a dizer várias
vezes :”eu tenho fé, eu tenho fé, eu tenho fé”. Lembrei daquela médium na quarta e também
comecei a dizer: ”Meu Deus, se o Senhor quer assim, que assim seja.” Lembrei muito
da Mãe Oxum, de todo o seu amor e foi então que percebi a Cândida tentando me ajudar.
Não
pude responder, ele me trancava e neste momento ela chamou a Cigana Constanza, que trabalha com a médium Ana Ramos e ela
prontamente veio até mim e começou a me auxiliar. Disse ela: "Eu sei que tu
estás me ouvindo, mostra que tu és mais forte do que ele". Lentamente comecei a
falar algumas palavras, consegui abrir os olhos e logo, com a ajuda da Cigana, estava em pé. Ainda me sentia meio mole, quando finalmente “ele”
chegou, furioso, com raiva, rosnando feito bicho, querendo botar medo. A Cigana olhou
e disse: "Resolveu chegar, agora é o momento de você pedir ajuda”. Ele ignorou e disse que eu já estava atrapalhando muito e que tinha calado minha boca, tinha
mostrado que era mais forte. A cigana respondeu que eu estava crescendo e que
não tinha importância nenhuma ele ter me calado e voltou a repetir que era o
momento dele pedir ajuda. Ao que ele retrucou: " eu não levo fé em
ti !"
Nossa, foi então que me surpreendi muito com a reação dela. A Cigana deu uma
sacudida nele daquelas e enfiou uma faca nele. Senti uma dor muito forte, senti
como se fosse uma facada energética pois a energia dele sumiu, desapareceu. Ela
quis levá-lo à força mas ele ainda assim resistiu e disse a ela: "Ainda estou
aqui e não estou sozinho.”
Ela nem deu bola e respondeu: "Eu sei que você ainda
esta aí e eu também não estou só, e você só está em pé porque o médium esta em
pé, do contrário, já estaria no chão!".
Entendo que ele estava em pé porque eu
estava, mas eu também só estava em pé porque a corrente estava me dando
energia, cuidando de mim. Então nosso amigo finalmente caiu na realidade, se sentiu
fraco, derrotado, sentiu vergonha por ter sido derrotado, e derrotado por uma
mulher, uma Cigana. Ele havia falhado (na cabeça dele é claro). Vencido, rogou por sua família, a Cigana pegou suas mãos e
finalmente ele recebeu a ajuda que precisava. Mais alguns médiuns deram algumas
passagens, mas mais uma vez a gira se encerrou com vitórias.
Fiz questão de falar para mostrar a força do Povo Cigano, o
quanto esse povo luta e faz, a força de uma mulher que sorri, que é tão bela, que
dança, mas que enfrenta uma situação como esta narrada, com FÉ, com AMOR, com
DETERMINAÇÃO e com muita CORAGEM .
É o trabalho do mundo espiritual e toda sua proteção.
Só o
amor constrói. Só a união de todos nos dá a força para vencermos as
batalhas.
Que Deus ilumine a todos nós! "
Luciano Prates, um aprendiz na Umbanda.
Que bom Luciano Prates que compartilhou tua experiência conosco. Povo cigano tem magia, tem força, tem sabedoria e passa despercebida porque é desconhecida ou ignorada por nós, pois eles a usam de forma muito sutil no gingado da sua dança e por trás de um belo sorriso. Nos protegem muito mais do que possamos fazer ideia, seja na estrada da vida, do amor, do trabalho. Tenho muito respeito por esses amigos e agradeço sempre por esta convivendo com toda essa energia que eles nos trazem.
ResponderExcluirLuciano Prates! Só tenho duas palavras " Muito Obrigada! " Amo muito o Povo Cigano. Povo de muitas lutas, mas também de muitas alegrias, de sorrirem na hora exata das dificuldades. De levar a chama do Amor aos corações sofridos e necessitados. Povo Cigano é Puro Amor! Alegria e Força! Otimismo e Coragem sempre! Na dança, nos dá a leveza e a delicadeza, de sentir profundamente a cada passo, a cada tom, da música tocada. Uma Energia Incrível!!! Maravilhosoooo!!! É estar de braços abertos e se entregar, sentindo os elementos da natureza em nós mesmos. Liberdade!!! Paz!!! Saúde!!! Amor!!! Prosperidade e Harmônia!!! Viva o Povo Cigano!!! Viva Santa Sara Kali!!! Deus de toda a Energia e do Universo, abençoem e iluminem a esse Povo Querido!!! Felicidades!!! Paz e Amor!!!! Luz!!!! Muito Obrigada!!!!
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