Quero falar sobre a semana do povo cigano que passou ,
precisamente no atendimento de quarta feira passada.
Para aqueles que acham que
somente gira de Exu e Caboclo é forte, foi uma lição. Confesso que me surpreendi
também com tudo que aconteceu. Sempre respeitei e admirei o Povo Cigano, mas
jamais vou esquecer o que se passou.
Cheguei ao Terreiro cedo como sempre faço e fiquei sentado aguardando o começo da gira. Logo que começou, senti a presença espiritual de um cigano, pois estava bem conectado com a vibração das músicas que estavam tocando. Percebi quando Pablo (Cigano dirigente dos trabalhos neste dia) passou dividindo o pão e o vinho como é de costume mas eu não podia me
mexer, estava em uma energia muito boa e não consegui responder a ele, que me chamou e permaneci ali imóvel. Nem imaginava o que viria pela frente. Apesar de toda energia boa que recebi, logo que voltei ao normal, comecei a travar uma
luta muito grande.

Pensamentos ruins tomavam conta de mim. Eu tinha pedido à Cândida uma consulta, achei que estava demorando e uma voz na minha cabeça me dizia que seria
esquecido, que meu horário seria dado a outras pessoas, que eu não era importante,
por que não saia correndo dali , por que não ia embora logo, enfim. Eu tinha comprado um
vinho para presentear a Cigana e a mesma voz me sugeria que eu fosse embora e que “nós”
poderíamos tomar aquele vinho juntos. Eu já não aguentava mais
aquilo, estava totalmente alterado. Queriam que eu fizesse o que fiz boa parte da
minha vida, simplesmente atirasse tudo para cima. Consegui levantar e fui até a Cândida e reclamei por ter a mesma esquecido de mim. Ela, prontamente como sempre, mesmo com o adiantado da hora, me encaminhou à Cigana Esmeralda. Confesso que me deixei alterar e neste momento já tinha me perdido. Consegui chegar até a Cigana, ela me recebeu muito bem, mas eu não soube lidar
com a situação e frente à Cigana não pude receber toda a ajuda que me estava sendo oferecida, por minha própria
culpa.Voltei à assistência e fiquei ali sentado, já analisando tudo que tinha
acontecido, como eu iria pedir desculpas à Cândida por ter sido mal
educado, minha cabeça dava voltas e mais voltas, então novos fatos começaram a
acontecer.

Uma médium deu passagem a um espírito, não sei como chamar, “egum”
talvez, e toda a corrente começou a trabalhar forte. Alguns caíram no chão, não
por serem fracos e sim por amor, por caridade, auxiliando os” irmãozinhos
necessitados”. Foi então que meus protetores fizeram com que eu me aproximasse da corrente e doasse energia. Mais uma vez começou um diálogo dentro de mim,
eles me diziam “Tu não está nesta corrente, o que tu queres aqui?” Minha resposta
foi ”não estou nesta corrente mas a corrente está em mim”. Aí perguntaram para
mim: "quem é teu chefe, quem é teu líder?”.
Prontamente respondi: ”meu chefe é Deus, meu líder é Deus, se tivessem alguma coisa a reclamar que reclamassem a ele.” Neste momento consegui ficar em pé e realmente me concentrar. Logo a corrente inteira
estava firme e forte e foi encerrado mais um trabalho vitorioso.
Como sempre acontece, não dormi aquela noite, pois fico muito
ligado ao que acontece no terreiro nos dias que estou lá, analisando tudo, e
muitas vezes me pegava negociando com aquele irmão que não aceitou ajuda. Minha
cabeça dava voltas e mais voltas, sei que tenho que melhorar muito isso. O tempo
passou e chegou a sexta-feira, dia de estudos e por “coincidência” era
prática com o Povo Cigano.
Mais uma vez iniciou a gira como de costume, e também
como de costume fiquei ao lado do Pai José. Algumas sensações estranhas chegavam
até mim, alguns arrepios, uma energia diferente. Foi então que Pai José me
perguntou: "Sabe quem esta aí né?” Olhei para ele e fiz sinal com a cabeça que
não, não sabia. Então Pai José perguntou: "Por onde tu andou quando estava
dormindo?” Mais uma vez eu não tinha esta resposta e foi então que acabei me
curvando na cadeira e não pude mais me mexer, 'ele' não me deixava nem abrir a boca Eu fazia esforço para falar, para me mexer, mas não conseguia.
Vi quando a prática
dos Ciganos começou, queria participar, mas não podia. Então comecei a dizer várias
vezes :”eu tenho fé, eu tenho fé, eu tenho fé”. Lembrei daquela médium na quarta e também
comecei a dizer: ”Meu Deus, se o Senhor quer assim, que assim seja.” Lembrei muito
da Mãe Oxum, de todo o seu amor e foi então que percebi a Cândida tentando me ajudar.
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Não
pude responder, ele me trancava e neste momento ela chamou a Cigana Constanza, que trabalha com a médium Ana Ramos e ela
prontamente veio até mim e começou a me auxiliar. Disse ela: "Eu sei que tu
estás me ouvindo, mostra que tu és mais forte do que ele". Lentamente comecei a
falar algumas palavras, consegui abrir os olhos e logo, com a ajuda da Cigana, estava em pé. Ainda me sentia meio mole, quando finalmente “ele”
chegou, furioso, com raiva, rosnando feito bicho, querendo botar medo. A Cigana olhou
e disse: "Resolveu chegar, agora é o momento de você pedir ajuda”. Ele ignorou e disse que eu já estava atrapalhando muito e que tinha calado minha boca, tinha
mostrado que era mais forte. A cigana respondeu que eu estava crescendo e que
não tinha importância nenhuma ele ter me calado e voltou a repetir que era o
momento dele pedir ajuda. Ao que ele retrucou: " eu não levo fé em
ti !"
Nossa, foi então que me surpreendi muito com a reação dela. A Cigana deu uma
sacudida nele daquelas e enfiou uma faca nele. Senti uma dor muito forte, senti
como se fosse uma facada energética pois a energia dele sumiu, desapareceu. Ela
quis levá-lo à força mas ele ainda assim resistiu e disse a ela: "Ainda estou
aqui e não estou sozinho.”
Ela nem deu bola e respondeu: "Eu sei que você ainda
esta aí e eu também não estou só, e você só está em pé porque o médium esta em
pé, do contrário, já estaria no chão!".
Entendo que ele estava em pé porque eu
estava, mas eu também só estava em pé porque a corrente estava me dando
energia, cuidando de mim. Então nosso amigo finalmente caiu na realidade, se sentiu
fraco, derrotado, sentiu vergonha por ter sido derrotado, e derrotado por uma
mulher, uma Cigana. Ele havia falhado (na cabeça dele é claro). Vencido, rogou por sua família, a Cigana pegou suas mãos e
finalmente ele recebeu a ajuda que precisava. Mais alguns médiuns deram algumas
passagens, mas mais uma vez a gira se encerrou com vitórias.
Fiz questão de falar para mostrar a força do Povo Cigano, o
quanto esse povo luta e faz, a força de uma mulher que sorri, que é tão bela, que
dança, mas que enfrenta uma situação como esta narrada, com FÉ, com AMOR, com
DETERMINAÇÃO e com muita CORAGEM .
É o trabalho do mundo espiritual e toda sua proteção.
Só o
amor constrói. Só a união de todos nos dá a força para vencermos as
batalhas.
Que Deus ilumine a todos nós! "
Luciano Prates, um aprendiz na Umbanda.