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* Nossa casa fica em Porto Alegre (RS), Av. 21 de Abril, 1385, Vila Elizabeth, Bairro Sarandi. * Dia 4/3/23 não haverá Gira (trabalho externo) * Dia 11/3/23 voltamos ao horário normal das Giras de Pretos Velhos, aos sábados, 15h

domingo, 7 de outubro de 2012

Quando o coração fala [5]



Geralmente sou melhor falando do que escrevendo, mas a Cândida pediu que colocássemos no papel um pouco da nossa história na Casa Pai Joaquim de Cambinda, então vamos lá!!!
Fazem mais de dois anos que entrei pela primeira vez nesta Casa e, como tantos consulentes, fui tratar problemas de “saúde”, que depois vim a descobrir que eram espirituais.
Já havia frequentado centros espíritas e uma casa que trabalha somente com cromoterapia, pêndulos...nunca tinha frequentado uma casa de Umbanda e pela falta de conhecimento e ignorância sempre ficava assustada com algumas situações.
Quando sentei a primeira vez em frente ao Pai Joaquim, senti que muita coisa mudaria em minha vida, só não tinha noção do quanto, e já disse isso a ele. Foi amor a primeira vista, e ele como sempre começou com aquela conversa que muitos conhecemos sobre a espiritualidade, vidas passadas, resgates, mediunidade, incorporação...
E assim o meu tratamento se estendeu por vários sábados. O que eu não percebi no início foi que não era só um tratamento e sim um mini desenvolvimento, pois enquanto me tratava falava sobre protetores, como eles trabalham, sobre como era o trabalho na Umbanda... Até que um dia veio o inevitável convite: - “Nega, o que você acha de começar a desenvolver sua mediunidade?” Antes que eu respondesse, Pai Joaquim já se adiantou e disse: “Não precisa responder agora, pense no assunto”
Minha primeira reação foi nunca mais voltar, pois até então o medo do desconhecido sempre me afastou de outras casas onde a mesma pergunta me foi feita, mas como nada é por acaso (frase que escutamos muito, inclusive), e porque eu já tinha a meu lado um negro muito lindo que é conhecido como Bento (apesar de não ser esse o nome dele, até porque o pai dele fez a bondade de batizá-lo com um nome muito complicado, mas isso também aprendemos, que o nome não é tão importante e sim o trabalho que fazem), depois de meses pensando aceitei entrar para o grupo de estudos e desenvolvimento mediúnico, mas eu disse “é só para conhecer” (doce ilusão).
A cada sábado era uma emoção diferente, uma descoberta diferente. Quando comentei que sempre admirei o Povo Cigano pelos seus mistérios, suas danças, Pai Joaquim chamou uma médium da casa e nesse dia me foi apresentada minha cigana (Constanza). Fiquei muda, não consegui perguntar nada, as perguntas foram feitas pelo próprio Pai Joaquim.
Mas com certeza a maior emoção que senti foi quando Pai Joaquim me contou que o Bento (o Preto que trabalha hoje comigo) e a Clarinha (Cosme) tinham sidos meus filhos em outra vida em épocas diferentes. Saber que o Bento foi meu filho com o Pai Joaquim no início me confundiu, mas depois de algumas explicações entendi e me orgulho muito de ter tidos filhos que hoje me protegem.
Mas se eu for relatar todos os momentos incríveis que vivi nesses dois anos com certeza terei de escrever um livro. Sendo assim escolhi escrever um pouco sobre os meus protetores e o que aprendi e ainda estou aprendendo com todos eles, pois tenho ciência que tenho muito a aprender ainda. 
Hoje vou falar um pouco da Constanza e do Bento, respectivamente, entidades da linha Cigana e dos Pretos Velhos.


CONSTANZA: A primeira vez que senti a presença dessa cigana maravilhosa foi na festa dos ciganos de 2010. Ainda não participava do grupo de desenvolvimento e fui convidada pelo Pai Joaquim para conhecer melhor o Povo Cigano e, óbvio, aceitei na hora. Desde então tenho aprendido muito com ela e descobri por que sou uma pessoa muito intensa em tudo que faço. Entre nós há uma afinidade imensa, com ela aprendi que a vida pode ser vivida com intensidade sim, mas que precisamos ter cuidado para não confundir intensidade com impulsividade. Sempre me mostrou que mesmo com as perseguições sofridas o Povo Cigano nunca se escondeu ou se sentiam vítimas. Viviam um dia de cada vez, pois não sabiam o que estava reservado para eles no dia seguinte. Então à noite dançavam, bebiam, amavam e assim eram felizes. O que ela quis me dizer com isso é para não sofrer por antecipação, por que sofrer hoje com algo que pode nem acontecer amanhã? Ta bem eu sei que nem sempre a ouço como devia, mas como sempre digo nunca é tarde para aprender.
Como é um povo que tem grande conhecimento sobre os mistérios do amor, hoje sei que o amor incondicional e verdadeiro é aquele que liberta, pois quando se ama de verdade queremos ver a pessoa que amamos feliz e não presa, aliás, liberdade é a essência de um cigano, como um grande amigo me disse uma vez “quer matar um cigano, o faça prisioneiro”.
Algo que é inexplicável é a serenidade, suavidade, delicadeza e ao mesmo tempo a força da Constanza, quando dançamos me faz flutuar, como se me tirasse de onde estou e me transportasse para outro plano com uma energia e felicidade incrível.
E se tem algo que temos muito em comum é a paixão pela dança, que pra mim sempre foi sinônimo de liberdade, é um momento que não tenho como descrever, é único, só sinto me envolvo e deixo me levar, é fascinante.
BENTO (Preto Velho, embora se apresente como um negro jovem e forte): Esse tenta e muito me ensinar várias coisas, algumas eu ouço, outras brincamos de fingir, como ele mesmo diz “eu finjo que mando nela e ela finge que me obedece” 
Brincadeiras a parte sei que tenho muito a aprender com ele, mas algumas coisas sei que melhorei. Ele me ensina a paciência, a humildade, que o orgulho em demasia nunca foi um bom conselheiro, sempre me passou para nunca fazer nada a outra pessoa que eu não gostaria que fizessem a mim, aliás, acho que todos os pretos nos dizem isso. Em muitos momentos quando está trabalhando mostra-me que a plantação é livre, mas a colheita é obrigatória.
Sou suspeita em falar dele a quem carinhosamente chamo de minha “pérola negra”, que chegou comigo na primeira vez que entrei na casa, com aquele sorriso lindo, só faltou dizer “ufa consegui trazê-la” 
A primeira vez que recebi o Bento quase morri de dor de cabeça e por não saber o que fazer nem o que falar, e claro o Pai Joaquim riu muito da situação, principalmente quando comentei que o meu protetor era mudo, pois não falava, nunca vou esquecer o que o Pai Joaquim me falou ”filha pra que me serve um preto mudo?” 
Coitado do Bento, ficou mudo por muito tempo, pois eu não deixava falar nada, só sorria, até que ele se cansou de ficar calado e começou a falar e até hoje fala pelos cotovelos.
Como sou curiosa comecei a questionar sobre a vida do Bento, como ele era, desde quando estava comigo, ou seja, questionamentos normais de uma médium não muito normal.


Soube pelo Pai Joaquim que ele está comigo há muito, mas muito tempo, que ambos estamos na Umbanda pela primeira vez e que quando encarnado sempre foi um líder, um exímio capoeirista, sempre lutou contra as torturas e tristezas impostas aos negros, mas como diz o Pai Joaquim, quando desencarnou libertou-se de tudo e hoje é um dos meus protetores. As vezes acho até que ele pensa que é o único protetor que tenho rsrsrs.
No meu batizado ele me disse uma das coisas mais lindas que já ouvi, senão a mais linda. Sempre que lembro esse momento me emociono. Ele disse: “minha preta, um dia você me deu a vida, hoje com certeza  daria a minha por você” 
Sempre falamos que somos suspeitos em falar um do outro, mas há poucos dias outro preto maravilhoso, o Pai João (protetor de outro médium da casa) me falou que o Bento é um exemplo a ser seguido pela sua coragem, pelo homem que foi e pelo que faz hoje no plano espiritual. Não preciso dizer o quanto fiquei orgulhosa do meu negro.
Nunca consegui dizer o que aprendemos, que não é o “meu” preto e sim que é o “preto que trabalha comigo”, e é por um motivo simples, ele é o meu Bento, é assim que nos sentimos um em relação ao outro, ele é meu e eu sou dele, sempre...


Em outra oportunidade conto mais sobre o trabalho com outros protetores maravilhosos, com quem aprendo mais, a cada dia.

Só tenho a agradecer ao Pai Joaquim de Cambinda e demais entidades que trabalham nessa casa maravilhosa que me mostrou um mundo desconhecido e porque não dizer misterioso e que eu aprendi a conhecer e amar.

Agradeço também aos médiuns, irmãos de corrente,  pelos ensinamentos, pelo carinho e pela paciência, porque eu sei que  não é fácil me aturar (até com as entidades eu brigo as vezes). 

Um beijo enorme.

Ana Ramos


Este texto continua no link: http://casapaijoaquimdecambinda.blogspot.com.br/2013/01/quando-o-coracao-fala-5-2-parte.html



3 comentários:

  1. Muito emocionante sua historia, eles quando se comunicam conosco, passam uma emoçao muito dificil de descrever ou transformar em PALAVRAS.
    Um beijo muito grande no Bento e todos seus protetores, que sao tao especiais como ele.
    Selma (Apometria online)

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  2. lINDO DEPOIMENTO....É DE EMOCIONAR...SÃO FATOS E COISAS SIMPLES DO DIA A DIA DA UMBANDA QUE SE TORNAM ESPECIAIS E SÓ QUEM VIVE ISSO SABE COMO É DE VERDADE.
    GABRIELE

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  3. muito bonita sua historia é emocionante me senti familiar com certos detalhes e atraves do seu texto pude entender muita coisa que eu nao intendia eu agradeço por isso estou começando agora na umbanda sei poucas coisas quero desenvolver e aprender muito ainda pois sinto que tenho uma grande missão que ainda nao sei bem qual é . com o tempo sei que vou descobrir enquanto isso vou estudando para aprender um pouco da umbanda um grande abraço a vc e a todos os seus protetores que são maravilhosos.

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