Não se pode abordar a nossa religião sem pensar em Oxossi, nome do orixá que está fortemente ligado aos rituais, doutrinas e mitos da Umbanda, do Candomblé e dos cultos populares no Brasil e na América do Sul.
Apesar de sua raiz africana, Oxossi é muito bem identificado, pelo sincretismo, à figura do indígena Sul americano.
Hábil caçador, homem das matas, profundo conhecedor das ervas e dos animais. Esse orixá representa o arquétipo dos nossos queridos Caboclos. Na tradição Umbandista, nos referimos aos Caboclos não como fruto de uma miscigenação de raças, mas sim como uma classe de entidades que vibram e se utilizam das energias emanadas de Oxossi.
Também pelo sincretismo, esse orixá é ligado a São Sebastião, padroeiro da cidade do Rio de Janeiro, que é celebrado no dia 20 de janeiro.
Poeticamente, Oxossi é o guerreiro sagaz, inteligente, preciso, calmo, valente, ou seja, concentra em si todos os atributos de um bom caçador. Oxossi está sempre a espreita, sabe falar, porém sabe se calar quando preciso para não afugentar sua caça.
Como não se pode separar o mito da história, é possível dizer que Oxossi representa o estágio da evolução humana onde o homem vive integrado a natureza, mas não por instinto, e sim por entendimento.
Diferentemente de Ogum, que representa a “transformação” devido a sua forte ligação com a forja e a manipulação, Oxossi representa a compreensão e o entendimento. Ele é o orixá que entende a natureza e sente seu ritmo, que conhece cada erva, cada animal, cada árvore. Oxossi também se relaciona com a manutenção da vida, da continuidade; ao alimento e à fartura.
Sua cor de vibração na Umbanda é o verde, pois essa é a cor das matas, das folhas e árvores. As plantas simbolizam o fruto entre o ar, o sol, a terra e a água.
Oxossi é a junção dos elementos da natureza.
Na Umbanda, a falange dos caboclos é numerosa e é responsável por um dos sustentáculos da egrégora astral de nossa religião. “Caboclo” não necessariamente representa o “índio” mas sim a todos as entidades que se afinizam com essa energia e Oxossi. Assim, existem entidades que já foram encarnados nos mais diversos lugares de nosso planeta e que hoje desempenham trabalhos na Umbanda, revestidos pelos seus nomes astrais e pelas suas roupagens de caboclos.
Porém, isso não significa que os caboclos somente se utilizem da energia de Oxossi, as entidades podem vibrar com outras energias e linhas dependendo do seu tipo de trabalho, como Ogum, Iemanjá, Oxum e Xangô. Existem inda os caboclos de couro, nossos amigos boiadeiros, que também atuam na linha de caboclos. A falange dos boiadeiros agrega um trabalho mais voltado às zonas mais densas do plano espiritual. Sua força, vigor e bravura, símbolos dos boiadeiros da Terra, são a roupagem fluídica necessária ao trânsito nessas esferas mais pesadas e para lidar com as energias nem sempre amigáveis.
Quem observa o trabalho de Umbanda nos terreiros pode não se dar conta da grande tarefa invisível que é feitai incessantemente por esses amigos do astral. Não podemos mensurar o quão grande e importante é o trabalho dos nossos mestresc aboclos, de Oxossi e de todas s outras linhas, a manutenção do nosso equilíbrio e evolução, nos planos terreno e spiritual. É através eles que nós podemos cumprir nosso compromisso da caridade mediúnica, tão necessário e importante para nosso crescimento pessoal e espiritual.
(texto retirado do Jornal Nossa Seara, do Rio de Janeiro)
Nenhum comentário:
Postar um comentário