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segunda-feira, 4 de abril de 2022

Quem não pode com mandinga, não carrega patuá

 Por Soninha Corrêa


Compreender o significado dessa frase, define muitas coisas sobre quem pratica religião de matriz africana, mas também define muitas coisas sobre quem é de verdade e quem é de mentira.
Hoje, no entanto, vou usá-la para definir o meu orgulho, honra e gratidão por ter me encontrado na Sagrada Umbanda há cerca de 12/13 anos.
Mais do que ter encontrado o fio de religação entre a espiritualidade e eu, encontrei aquilo que - na minha humilde opinião - é essencial em qualquer religião: um lugar que faça com que os humanos se tornem seres melhores.
Ou seja, a evolução entendida como um processo que somos capazes de trilhar e construir se houver disponibilidade, disciplina, vigilância, amor no coração e fé.
Desde que iniciei minha caminhada na Umbanda, posso afirmar sem qualquer risco de errar, que já evolui muito. Entretanto, estou longe - muito longe mesmo - de ser um espírito de patamar superior como, sim, eu almejo.
O primeiro passo para ser Umbandista (ou membro de qualquer outra religião de matriz africana) é ter coragem para enfrentar as adversidades que essa decisão traz consigo.
Assumir-se umbandista é um ato de desprendimento do convencional, de coragem e, acima de tudo, de certeza de que não se escolheu um atalho, mas um caminho difícil que terá como recompensa a chegada num lugar melhor.
A sociedade brasileira, assim como a sociedade mundial, conserva crenças limitantes, onde o sagrado só é sagrado e respeitado se estiver dentro da caixinha de uma organização social branca, racista, machista, homofóbica, católica e/ou evangélica.
Tudo o que estiver fora desse padrão é agredido, discriminado, criminalizado.
O grande problema é que muitas vezes os próprios umbandistas discriminam-se. Aceitam e reproduzem o preconceito e a intolerância religiosa, quando se escondem e escondem sua opção religiosa.
Aceitam as bobagens e infâmias que dizem sobre nossas entidades de luz. É o que popularmente se diz: quem cala, consente.
Quem nunca ouviu pessoas falando sobre religiosos da Umbanda, do Candomblé ou de Nação coisas como porquê eu fico doente, se sou médium. Porquê os religiosos não acertam na mega sena ou, por qualquer outra razão, não são ricos. Qual é o motivo de eu não ter um relacionamento de comercial de margarina.
Há também aqueles que pedem, em tom absolutamente debochado, mas também em tom de seriedade, para que eu utilize a mediunidade para resolver um ou outro problema, desejo ou demanda.
Pois então... vamos esclarecer de uma vez por todas: médium não é mágico. Terreiro não é ilha da fantasia.
Noutro dia li um texto que falava que as pessoas não vão para igreja (seja ela qual for) para pedir ao padre ou pastor um amor, ou um marido que já é casado com outra. Também não pede para destruir a vida de ninguém.
Se é verdade que as pessoas vão às igrejas movidas por sentimentos nobres, por qual motivo acham que ao chegar num terreiro podem exigir que os espíritos de luz lhes concedam as vontades?
Se tu frequentaste alguma casa que te disse que essa ou aquela entidade é obrigada a te atender em troca de algum pagamento, no mínimo, desconfie da seriedade do lugar.
Tu até poderás ser atendido, mas não esquece de um ditado que diz que não existe almoço de graça. Tudo o que vai, volta! É a Lei do Retorno.
Os terreiros de Umbanda sérios trabalham com entidades que praticam a caridade e difundem o amor. Se tu és umbandista e não tem plena consciência e confiança nisso, estás no lugar errado.
E se tens plena consciência e confiança, o que te faz se envergonhar de se assumir umbandista? Nada foge aos olhos de Deus. O que recebemos é fruto do nosso merecimento.
Se eu tenho clareza de que eu não sou médium e nem as entidades com as quais trabalho servem para arranjar marido, emprego, fortuna, ou fazer vinganças, mas ao contrário, para difundir o amor, a humildade e a caridade, o que me impede de me orgulhar de ser umbandista?
Fraqueza? Falta de coragem?
Vou repetir a minha opinião dita lá no começo: é preciso coragem para enfrentar os desafios de romper com o preconceito e assumir-se umbandista.
QUEM NÃO PODE COM A MANDINGA, NÃO CARREGA PATUÁ.
Não adianta ostentar 30 guias no pescoço, dizer que recebe todas as energias de todas as linhas, se não consegues assumir quem és.
Soninha

Estou na Umbanda porque lá estou buscando a minha evolução espiritual através da prática da caridade.
Sou umbandista porque estou me esforçando para me tornar alguém melhor e lá eu recebo esse aprendizado cotidiano.
Se quiseres ir ao terreiro em busca de alguma coisa, que seja o amor, a fraternidade e a caridade, vais encontrar de sobra.
É através disso que nos tornamos merecedores de todo o resto.


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