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quinta-feira, 13 de maio de 2021

Amanhecer na Aruanda dos Pretos Velhos

Por Matheus Niederauer, médium do nosso Terreiro

Ditado por Pai Cipriano das Almas.

Amanheceu em Aruanda e todo o dia sempre é um amanhecer,com o cheiro de terra, a luz de Zambi iluminando as nossas cabeças, anunciando que é hora do trabalho. 

As amarras do arado e do açoite já não doem e não machucam nossos pulsos. As correntes pesadas que prendiam nossas pernas ja não existem mais. O cansaço e o suor do trabalho ao sol tambem deixou de existir. O tronco com  marcas de sangue e lágrimas se tornou cinza que o vento sopra e leva embora. O castigo e a tristeza deram lugar ao abraço e o sorriso no rosto.

A liberdade que tanto sonhamos, ela enfim se concretizou.

As plantações ainda existem para o nosso cultivo e para o tratamento dos filhos que aqui vem buscar ajuda.

Dia 13 de maio na Terra para nós é dia de muita valia. Dia em que os filhos adquiriram a liberdade; porque sim, vocês fazem parte disso tambem.

Nesse dia, os Pretos esticam a corda do berimbau como se afinassem uma viola; outros afinam a pele do tambor. Pretos e Pretas começam a fazer roda de capoieira e as danças irão começar. A alegria toma conta do capoeiral. Os negros feiticeiros levantam aa mãos para o alto agradecendo a Zambi a Oxalá e a todos os Orixás pela misericórdia e a verdadeira liberdade.

Os patrões não são mais donos nem de si mesmos. Capitão do mato hoje não persegue mais nem uma mosca. Alguns até se arrependem do mal que nos fizeram.

Quando se passa pra esse lado, tudo fica mais esclarecido e as lágrimas e o perdão logo aparecem. Os cortes do açoite vão cicatrizando, deixando apenas o lugar para o amor.

As pretas que outrora arrumavam a mesa pros brancos, hoje arrumam a mesa para todos nós.

Um banquete é preparado. Mais do que o alimento fisico que sacia a fome dos filhos, o alimento da sabedoria, da compreensão, do amor incondicional, humildade, unidade, da caridade e da paz que sacia a fome do espírito.

A feijoada, a canjica amarela e branca, o milho cozido, o caldo de cana, a cachaça, o café, a rapadura de melado, o bolo de fubá, bolo de milho, pão caseiro, o queijo, enfeitam a mesa para os toquinhos que chegam e os pretos velhos com seus cigarros de palha e cachimbo, que deixam de lado, para se alimentar e alimentar os seus filhos.

Terminado esse dia de vocês na terra, é  hora dos filhos retornarem, o abraço apertado de gratidão, deixando as porteiras sempre abertas para que os filhos sempre que precisarem ou quiserem, possam retornar.

Os pretos e pretas benzem e protegem as costas e a frente dos filhos, deixando  nas orelha dos filhos um galho de arruda, cruzando a cabeça dos filho,s trazendo a luz e a sabedoria, para que os filhos tenham dias melhores no seu trabalho e na sua caminhada evolutiva.

Agô!


Os desenhos que ilustram o texto foram feitos pelo médium.






Pai Cipriano das Almas

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