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sexta-feira, 12 de abril de 2019

Jojô, um trabalho de Cosme

Por Déh Martins

Joaquina, ou Jojô como ela mesma se apresenta, a Cosme que trabalha comigo, foi chamada para um trabalho pela Vó Maria Conga que trabalha com a Érika. Era para cruzar uma simples guia para uma consulente, e daquele simples trabalho, que prontamente ela fez cheia de amor e alegria, fomos para outro.
Passou defronte a outra Preta Velha e pediu um papel e uma caneta, feliz só pelo fato da
caneta ser verde haha ela adora! Disse que precisava escrever uma coisa que estava na cabeça da tia, no caso eu. Escreveu o nome e sobrenome com suas letrinhas de criança. O nome era de um rapaz já com 22 anos, com o qual eu convivi boa parte da infância e que sofria de paralisia cerebral. Sempre viveu em uma cadeira de rodas. Ele se encontrava nos últimos dias na UTI de um hospital, com diversas complicações decorrentes de uma pneumonia.
Então Jojô se dirigiu ao congá. Colocou no papel o perfume de mato como ela chama, deu beijo, dobrou, abriu seu pirulito verde que havia ganho, voltou a pegar o papel e encostou-o no rosto. Chupando o pirulito, lá fomos nós.
Chegamos num quarto de hospital. Ela e mais algumas crianças, gargalhando e pulando como de costume. Jojô se debruçou sobre a cama na qual aquele rapaz estava deitado e o mesmo prontamente lhe respondeu com um sorriso. Neste instante, os aparelhos somem, já não existe mais fios e cânulas. Seu corpo, antes atrofiado, deu lugar a um saudável menino de uns 11 anos, que sem hesitar, logo levantou-se e saiu a brincar, chutando uma bola por aquele que já não mais se assemelhava a um quarto de hospital. As paredes se distaciaram, as crianças corriam, brincavam e cantavam. 

Quando olho para onde antes existia uma das paredes, vejo uma árvore enorme, com um balanço para o qual o menino  correu para se balançar, com a ajuda da Jojô. Já não existia mais luz elétrica, a iluminação era do sol que nascia por detrás de lindas montanhas. A extensão fora daquele hospital era como um vale, um campo, um lindo jardim.
Após admirar o quão linda era aquela paisagem, volto a fixar os olhos no que acontecia próximo a mim. Vejo duas Pretas sentadas em dois banquinhos. Sim, aquela moça que dança comigo pelo Terreiro, e outra, a senhora que devagar se locomove pelo salão. Maria Redonda e Maria Conga ali estavam !
As crianças logo cercaram-nas sentados em uma roda, naquele gramado que agora existia ali!
O menino então saltou do balanço atendendo o chamado de Maria Conga, sentou ao seu lado recostando seu corpo no dela, que prontamente passou a alisar seus cabelos.
As crianças conversavam, interagiam junto com as Pretas e era explicado como tudo ia ser de agora em diante, tudo com muita alegria e muito amor.
O sorriso dele iluminava tanto quanto aquele sol ! Era extamente como eu o via quando criança.
Então Jojô sorrindo me disse: - Vamos tia, temos que voltar, já acabamos por aqui.
Em lágrimas eu voltei e isto explica aos que me viram chorar naquela gira.
Ao chegar em casa à noite, minha mãe me deu a noticia que meu amigo havia desencarnado
naquela tarde. Tirei as guias do pescoço, as repousei sobre a mesa e disse para ela sentar. Em meio a lágrimas e muita emoção contei a ela o que conto a vocês agora.
Jamais me esquecerei de como é auxiliar alguém, independente de qual forma seja, ou quem seja.

Déh / Jojô
Sigamos, irmãos de Fé! 
Cada elo é importante, é amor, é caridade é humildade.
Todas as nossas dificuldades de continuar a caminhar nesta estrada de muitas pedras, é e sempre será compensadora.

Avante filhos da Fé!
 


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