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quarta-feira, 25 de junho de 2014

Sou da Umbanda

Trago no sangue os traços do Negro, do Índio e do Europeu. 
Sou cafuzo, mestiço, mameluco, caboclo...
Minhas cicatrizes estão expostas.
Minha alma é marcada, mas meus lábios são adocicados.
O Dendê banha meus pés, o mel meus cabelos.
Sou aquele que foi preso no tronco e sentiu a sua carne ser arrancada pelo chicote;
Sou aquele que teve a sua coragem guerreira sucumbindo ante o estampido do bacamarte;
Sou também o senhor da casa grande e o cruel capataz, o carrasco e o padre.
Sou o jovem e o ancião.
Sou filho de Ogum, de Oxalá,de Yemanjá,
Sou filho de todos os Orixás que transportaram a minha fé através do Atlântico em infectos porões onde sucumbia a minha veia negra, vítima de minha veia branca, rumando ao encontro de minha veia vermelha.
Sou filho de um grande encontro.
Sou filho da comunhão.
Sou filho de muitas mães e de muitos pais.
Sou também devoto de Nosso Senhor do Bonfim...
Sou do barracão, da Roça;
Sou do terreiro, da Capela e do santuário... sou do templo.
Sou dos pés descalços com coroa de ouro na cabeça.
E não sou o todo;
Apenas um pouco de cada um.
E isto me faz rico como nenhum outro.
Comungo a exuberância da natureza, flutuo as copas das árvores e penetro a escuridão das matas;
Alço voo em meus cavalos alados, mergulho com as sereias, queimo envolto pelas salamandras, contemplo meus templos, que me ensinam que não há dor que sempre dure, mas sim um verdadeiro amor a perdurar até o final dos séculos.
Umbanda do Brasil.
Brasil da Umbanda.
Tão povoado é o céu de minhas crenças, tão liberto sou agora, que creio seja uma compensação pelo grilhão que outrora prendeu meus pés ligeiros, ou da angústia culposa que aprisionou meu espírito em minha alva pele cúmplice do erro.
Desta religião Divina onde baixam todas as raças, aprendo e ensino, perdoo e sou perdoado.
Agora que meus joelhos só se dobram em devoção, e não temo nem mesmo o futuro, posso bradar meu grito guerreiro.
E dizer a quem queira saber:
Sou liberto, sou Índio, sou negro, sou branco;
Sou escravo e feitor;
Sou da senzala e da casa grande;
Sou da selva e da cidade;
Sou dos santos e dos orixás;
Sou do perdão;
Sou do Brasil...
Sou da Umbanda.
Texto de Antonio Bispo, publicado no Jornal de Umbanda Sagrada - 168 - Veja todas as edições do Jornal de Umbanda Sagrada na Integra no site: colegiopenabranca.com.br

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