Por Déh Martins
Num tem nada de muito novo, de diferente daqueles que
viveram naquela época, naqueles tempos. Uncê batia, o uncê apanhava, e eu apanhava graças a Deus,
pois as mãos de quem oferta flô, sempre terá o cheiro do perfume, e se
estava naquela situação é pruque um dia o feitô fui eu. Já nasci com as
corrente da escravidão, me chamando de José, ou simplesmente de Zé. Desde cedo
aprendi o som do estalo do chicote, e que as lágrima podia até secá mas a dô da
arma não, e mesmo assim a esperança não pudia fartá.
Nasci nos cafezal, um novo plantio para aqueles tempos,
no qual meus pais, junto com nosso povo, um dia foi responsável pelas plantação de cana, mas como meu pai
falava, cana ou café, o suó era o mesmo, salgado e tinha dias que era ardido
nas vista. Não lembrava como ele tinha ido, só que um dia, não estava mais lá.
Enquanto crescia, com os ombro largo (sim, era assim uma
das forma q nos avaliavam), agachado do lado da casa grande, ouvi as súplica de
minha mãe, mas por ordem dela mesmo, não podia se atrometê, corria pra onde não
me achavam, pra onde eu chorava e me fortalecia, eu corria pras mata. E nessa
volta, tava lá aquele ômi de chapéu, me
analisando, dos pés descalço até o fundo do olho. Esse já
tá pronto, diz ele, na mão aqueles pano que dava para sentir o cheiro de minha
mãe, logo me deu conta que era eu e Deus.
O trabalho nunca terminava, uns iam, outros vinham,
alguns de fazendas de cana, outros eram comprado de navios, não chegavam com muita
coisa, a não ser a fé, os costume e as dança.

Do encantamento, senti um aperto no peito, por lembrar de
minha mãe.
A formusura fez com que a moça trabalhasse na casa
grande, cuidando dos afazeres e das crianças. Nem por isso menos difícil que a
vida de todos os outros. Sempre oiava ela na beira do rio, esfregando as roupa e enxugando as lágrima.
Há coisas que ferem mais uma moça do que as chibatada dos
feitô.
Mesmo depois de crescido, continuava indo me refugiá nas
mata, tendo mais zelo que antes, mas num abria mão do meu canto. Logo a moça
tava lá comigo, alimentando as esperança de tudo aquilo um dia se terminá.
Os tempo ia mudando, mas para o nosso povo era sempre o
mesmo tempo. O sinhuzinho já num era o mesmo,
suas semente já tinham germinado, mas a raiz não era
diferente não, e os fruto era bem amargos. Assim como
eu cresci já acorrentado, o filho do sinhuzinho cresceu
já segurando chicote.
O nego aceitava as injustiça com ele, mas não foi capaz
de aceitá com quem ele amava. Com a dança da luta tirei as mãos de cima de quem
amava, fitei no fundo dos olhos daquela mardade e não fui capaz de usar da
mesma. Me lembrei mais uma vez, que as mão não ia tê cheiro de flô.
Corri com ela pra mata, sabendo que era só tempo dos
feitô vim atrás, vingá o sinhuzinho com a mesma mardade nos olhos.
Mandei ela corrê, me ajoelhei e pedi perdão, se me
atrometi como minha mãe dizia para não se atrometê, no qual nós tava
destinado. Então agradeci, por nem uma mardade que vi ou senti, ser feita pelas minha mão.
Eles chegaram, tentei só adiar com dança da luta, o que
sabia que tava por vir. O nego sentiu o sangue quente corrê pelo peito e ouviu a voz se aproximá, aos pranto. Assim
como eu, ela voltô pra ajudá quem amava.
Hoje sou o negô Zé, que foi protegido pelas mata. E a
moça africana que atravessô os mares, escolheu trabalhá com a mesma alegria,
mesmo quando tinha que enxugá as lágrima, como a Maria Redonda.
A vida do nego foi
muito mais do que aqui escrevi, mas das dô que senti e lágrima que já
derrubei, não presta lembrá, pois antigamente nego já foi apressado, mas hoje
nego sabe esperá, pois aceitei, confiei. Coisa que muitos de suncês tem de
aprendê. Nego vivia com pouco, o que pra suncês hj é nada, assim suncês pensa.
Porque se nego vivia, então era o suficiente. Fio hoje acha que nunca tá bom, e
esquece de agradecê o que já tem que é o suficiente.
Nada é em vão. Tudo se transforma, tudo é evolução, da
fruta aberta no chão, o passarinho carrega a semente, que há de geminá, criá raiz e nascê fruto doce. Passarinho é o amô, e vai de suncê, fio entregá
aquilo que tá estragado, pra se renová.
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